segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Deus e o "Complexo de Baby"

Publicado em por Barros
VOCÊ  TEM  QUE  ME  AMAR!!!
VOCÊ TEM QUE ME AMAR!!!
Se eu acreditasse em Deus, haveria uma pergunta que certamente iria me incomodar muito antes de conciliar o sono, logo após ter feito as minhas orações noturnas… Uma pergunta que, por algum motivo, não incomoda os crentes que eu conheço: “Por que Deus precisa assim tão desesperadamente ser amado?”.
Eu andei pensando nisso ultimamente, enquanto apanho cocô de gato do jardim da minha mãe. É uma pergunta até filosófica, eu acho, e eu tenho filosofado muito esses dias, até porque tem muita merda de gato pra apanhar todo dia de manhã.
A primeira coisa que me ocorreu, como resposta, foi que a necessidade de ser amado talvez seja diretamente proporcional à nossa vaidade. Daí eu considerei esse modelo aí do anúncio.
Pois bem. Eu pensei “Como um cara bonitão desse jeito iria se sentir se nenhuma mulher se interessasse por ele? Se não tivesse nem mesmo nenhum amigo ou amiga? Se ninguém gostasse dele?”. Na certa o cara ia ter que fazer terapia. Entretanto, seria preciso admitir que, se esse modelo fosse um rapaz interessante, inteligente, divertido, educado, afetuoso, não tivesse mal hálito e coisa do tipo…, ele não teria nenhuma dificuldade em fazer amigos(as), muito menos em despertar interesse (sexual/afetivo) no sexo oposto.
Aí desmoronou minha tese. Ora, mesmo que ele fosse extremamente vaidoso (e com motivos para isso), não haveria por que cultivar uma necessidade doentia de despertar interesse nas pessoas, porque tal interesse seria apenas uma consequência de uma realidade inegável: ele é bonito, charmoso, boa-praça, inteligente, engraçado, gentil, etc. Sendo assim, ele já teria há muito se acostumado com o “amor voluntário” que as pessoas demonstrariam ter por ele, nos mais diversos níveis em que o amor pode se apresentar.
Será que eu seria capaz de imaginar que esse modelo da Ralph Lauren só conseguiria ser aceito numa turminha de faculdade se vivesse rastejando em volta das pessoas, pedindo companhia e se humilhando por um pouco de atenção? Será que dá pra imaginar esse cara bajulando as pessoas para obter afeto e as ameaçando com algum tipo de punição caso não fossem capazes disso? Não. Não dá.
Fui, então, meio que obrigado a inverter a lógica da minha proposição inicial: quanto menor a vaidade, quanto mais estilhaçada a autoestima, maior será a necessidade de se sentir amado; maior será o desejo de ser aceito. Seria como um bálsamo para uma ferida purulenta; um alívio para uma dor insuportável; um remédio para uma doença terrível.
Foi então que percebi que Deus teria que ser uma criatura muito, muito doente. Uma divindade com um perigosíssimo distúrbio mental, talvez tratável apenas com medicação pesada. E isso seria suficiente para me fazer perder o sono, todas as noites depois das minhas orações, se eu acreditasse que ele existe.
Como me sentir feliz num universo criado e governado por um ser assim tão carente, cuja primeira lei é a de que as pessoas devem amá-lo acima de tudo? Que deus em sã consciência exigiria ser amado por decreto? Que divindade é essa que dá-se ao trabalho de criar um universo para nele pôr uma raça cujo único propósito seria o de adorá-lo incondicionalmente? Como eu seria capaz de viver em paz num mundo em que seu Criador ameaça expressa e subliminarmente aqueles que não lhe devotem amor? Como eu iria poder dormir à noite, tendo acabado de orar a um tirano cósmico carente de afeto? Um ser todo-poderoso com sérios problemas mentais? Um Deus tarja-preta digno de pena?

Direto do DeusILUSÃO.

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