domingo, 3 de março de 2013

Civitas Vaticana

28 fev 2013 | por em colunas, Viagens às 12:07
 Civitas Vaticana
Eu estava em um dos cafés que margeiam os muros do Vaticano. Faltava cerca de uma hora para a abertura dos portões e o jeito era enrolar por ali. Em uma das mesas um grupo de viajantes conversava animadamente. O tema – como não poderia deixar de ser – era religião. Uma senhora escandinava falou algo interessante:
- Apesar de ser cética, creio que pessoas inteligentes devem se interessar por religião.
Naturalmente senti um desejo de saber mais sobre essa idéia. Já na fila para entrar no Museu do Vaticano me apresentei a ela. Chamava-se Beatrijs e se disse ateia muito tempo antes da atual onda de “conversões” iniciada por Richard Dawkins. Reclamou que a juventude ateísta lhe parecia tão fanática quanto a maioria dos religiosos. Reiterei minha pergunta: mas porque pessoas inteligentes devem se interessar por religião? Ela mandou o seguinte:
O nosso mundo é como aquela fábula dos cegos e do elefante. Um cego toca a tromba e pensa que o elefante é uma cobra. Outro toca as presas e julga ser o chifre de um cervo. No final – apesar de tocarem o mesmo animal – eles crêem que apalpam coisas diferentes, porém estão errados. Com o mundo é a mesma coisa. Ele é grande como o elefante e se tocarmos somente uma parte dele não poderemos entendê-lo completamente. Depois de me debruçar sobre o assunto eu concluí que não creio em um Deus. No entanto, é inegável que qualquer um que queira entender o mundo precisa compreender também o fenômeno religioso. E não se trata de viver uma experiência transcendental. Trata-se apenas de entender um contexto histórico. Veja tudo isso aqui, observe o Vaticano. Aqui está o cerne da civilização ocidental. Como eu posso dizer que tudo isso é uma bobagem?
Beatrijs passou no detector de metais e seguiu com seu grupo. Não a vi mais. O argumento dela me fez pensar em toda a história guardada ali. Imaginei o Michelangelo pintando a Capela Sistina, o enterro de São Pedro e a Guarda Suíça salvando o Papa Clemente VII.
E lá estava eu – na Santa Sé – diante de todas essas possibilidades.
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