sexta-feira, 8 de março de 2013

3 Motivos para crer em Deus

3 Motivos para Crer em Deus

Nota inicial: O texto que segue é de difícil aceitação para aqueles que acreditam na existência de Deus, pois aparentemente faz críticas injustas aos que creem. Peço ao leitor que resista à tentação de parar a leitura e chegue até o fim, pois esta ajudará o humilde a dissolver algumas dúvidas importantes acerca de Deus.

A existência de Deus é um assunto controverso que se arrasta por milhares de anos no seio da humanidade. Uma prática comum dos religiosos é solicitar provas dos que negam sua existência. Em contrapartida os ateus afirmam que o ônus da questão é dos religiosos, os quais trouxeram ao mundo um ser fora do comum. Seria mais ou menos assim: Se um pescador diz que viu um peixe de três cabeças e insiste que as pessoas precisam acreditar nele, então ele deve apresentar provas para as pessoas crerem, ficando os descrentes isentos de apresentar qualquer prova sobre sua descrença, porque não foram eles que suscitaram a questão. Este ponto de vista ateu é razoável, o problema é que os religiosos são capazes de persuadir multidões sem necessidade de provas concretas, além de estabelecerem regras sociais com base em suas crenças que incentivam à fobia aos descrentes e, consequentemente, à intolerância e hostilidade àqueles que pensam diferente. Resta então aos ateus a difícil defesa através da demonstração da inconsistência dos argumentos religiosos, o que não é uma tarefa fácil devido a três importantes motivos:

I – Falta de Provas

Deus hindu Shiva - Sua inexistência
não é provada, mas não é crido no
Ocidente por ser considerado absurdo.
O deus cristão recebe o mesmo
tratamento na Índia.
Uma característica inerente a qualquer ser imaginário é a sua incapacidade de produção de provas contra ou a seu favor. Seres reais deixam provas, marcas, registros, impressões, rastros, vestígios. Por isso os religiosos precisam de templos, estátuas, escrituras em pergaminhos, tábuas e papiros com histórias de um passado distante de difícil refutação ou com previsões de um futuro que ninguém estará lá para comprovar, que lhes compensem a ausência de provas materiais. Necessitam acreditar que sentimentos fortes são provas da ação divina, ignorando que hoje são conhecidas pelo menos 50 substâncias químicas, como a adrenalina e a serotonina, que atuam no cérebro e em todo o corpo, provocando fortes emoções e sensações exploradas, muitas vezes inconscientemente, pelas crenças religiosas. Mesmo o potente empirismo científico encontra-se impossibilitado para provar diretamente a existência ou não de Deus porque está alicerçado nas premissas "experimentação, observação e conclusão", as quais não podem ser aplicadas ao que não existe.

Os religiosos parecem querer que os ateus depositem aos seus pés o corpo morto de Deus para acreditarem que ele não existe. De fato provar-se a inexistência de Deus de forma direta é uma tarefa impossível, mas há inúmeras provas indiretas, muitas evidências materiais e factuais que descartam a existência de Deus. Um exemplo está na alegação dos autores bíblicos de que Deus criou o Universo e a vida intervindo na Natureza em várias etapas, uma aposta na incapacidade humana da época de chegar à verdade. Mas hoje, com o avanço científico, não poucas descobertas demonstram que tanto a formação do Universo quanto a da Terra e o surgimento da vida tiveram origem natural, que se existe um deus, criou tudo o que há sem fazer intervenções durante a formação do Universo.

II – Ignorância

Escola pública no estado do Rio
Grande do Norte (Brasil) - Negligência
com a educação reflete numa maior
religiosidade popular.
A princípio é importante frisar que aqui ignorância não é sinônimo de burrice, mas a falta de domínio de algumas áreas do conhecimento humano.

Embora alguns poucos cientistas e uma significativa quantidade de pessoas com bom nível de conhecimentos gerais sejam religiosos fervorosos, fato que será abordado no terceiro motivo, um dos principais motivos que dificulta a compreensão da inexistência de Deus como uma alternativa, e ajuda na aceitação de provas inconsistentes, é a ignorância que a maioria das pessoas tem sobre si e o mundo. Pesquisas realizadas entre cientistas e populações de diversos países revelam que pessoas com níveis elevados de conhecimento acadêmico e acesso a educação de qualidade são propensas ao ateísmo, enquanto pessoas com pouca instrução são propensas à religiosidade. Menos de 10% dos membros das academias americana e britânica de ciências acreditam na existência de Deus. Entre os cientistas de segundo escalão a crença em Deus está em torno de 40%. A mesma tendência se reflete nas populações de diversos países. No Japão os crentes são 35% da população, na França apenas 27%; e na Suécia, com analfabetismo zero, somente 15% ¹ das pessoas acreditam em algum tipo de deus. Porém o Brasil, com cerca de 38,9 milhões de analfabetos funcionais (mais de 20% da população), apresenta 93% de religiosos. Embora haja exceções,  esta relação entre religiosidade e educação negligenciada é encontrada em praticamente todos os países de maioria religiosa.

Por que o conhecimento torna muitas pessoas ateias e, por outro lado, a ignorância as torna crentes? A resposta é simples, mas requer atenção: Os religiosos alegam que Deus intervém no mundo material e estas intervenções são provas de sua existência, porém, quando comprovado cientificamente que as intervenções são eventos puramente naturais, as provas se viram contra a divindade. As pessoas que têm conhecimento suficiente para entender as explicações científicas deixam de acreditar nas provas e, consequentemente, em Deus.

Nos tempos antigos a humanidade acreditava que praticamente todo evento natural – raios, chuvas, ventos, seca, etc. – era diretamente influenciado por seres espirituais. Mas por incrível que pareça ainda hoje a ignorância faz a maioria das pessoas acreditar em intervenções divinas nestas áreas. Em 2009 houve dois acidentes aéreos sobre o mar com vôos da Air France, no primeiro não houve sobreviventes, no segundo uma adolescente de 14 anos sobreviveu com hematomas e uma clavícula quebrada. Logo a notícia de milagre se espalhou pelo mundo. As pessoas que ignoram os múltiplos sentidos da palavra milagre creditaram-no a Deus. Mas uma análise relativamente simples revela por quê a garota sobreviveu. O avião estava a uma velocidade em torno de 400 km/h e partiu-se somente após o pouso sobre as águas, possibilitando aos cintos e poltronas projetados para impacto preservar a vida de algumas pessoas, entretanto só a jovem se salvou por ter se agarrado a destroços e suportado tempo suficiente até o resgate.  Porém, no primeiro acidente, o avião estava à velocidade aproximada de 900 km/h e se desintegrou a mais de 3 mil metros de altura. Se alguém sobreviveu à desintegração, morreu de asfixia, se sobrevivesse à asfixia, morreria no impacto com o mar. Sob condições muito mais severas, nenhuma das 150 pessoas sobreviveu. Este é apenas um exemplo de que todo milagre é ocorrência natural mal avaliada ou história adulterada, quando não, fictícia.

Mas por que alguns cientistas e pessoas cultas acreditam na existência de Deus? Porque a crença no sobrenatural não se fundamenta somente nestes dois fatores.

III – Compromisso Emocional

Ilustração artística de Jesus
consolando um seguidor hodierno
- As emoções são fundamentais
para a cultura cristã.
O terceiro e talvez mais importante motivo que impede as pessoas de reconhecerem que não há Deus é o compromisso emocional. Em geral os fundadores das religiões e seus atuais multiplicadores pregam um Deus que provoca fortes emoções e incentivam uma relação familiar de respeito (medo), esperança, confiança e amor, onde Deus é pai e os membros das religiões são filhos. Desta forma, mesmo pessoas com bom nível intelectual, depois de terem percebido que fatos naturais demonstram a inexistência de Deus, se recusam a aceitar as evidências porque são incapazes de se desvincular dos fortes sentimentos aos quais foram submetidos no decorrer da vida. Hoje a teoria da Inteligência Emocional demonstra que algumas pessoas com QI elevado podem ter déficits de QE (Coeficiente Emocional), o que as torna vulneráveis aos apelos emocionais religiosos mesmo com grande acúmulo de conhecimentos nas áreas da física e biologia. “Foi o medo que trouxe primeiro os deuses para o mundo” (Gallus Petronius, cortesão romano do século I d.C.).

Reflexão

Os três motivos para crer em Deus – falta de produção de provas por seres imaginários, ignorância e compromisso emocional – são verdadeiras muralhas contra o entendimento da inexistência de Deus. Observar a relatividade das exóticas, irracionais e mirabolantes religiões de outros povos e perceber que os membros delas são tão fervorosos e convictos quanto os da religião local, pode suscitar importantes questões ao crente: Do ponto de vista das outras religiões, minha crença não seria também absurda? Estaria eu enganado como os bilhões de membros das outras religiões? Se Deus não protegeu bilhões de pessoas de criarem e seguirem religiões erradas, o que garante que eu fui protegido e passei a acreditar na correta? Dizer que Deus castiga quem duvida não seria um mecanismo inconsciente das religiões que mantém seus adeptos, inclusive eu, sob seu domínio? Se estas e outras questões podem ser sinceramente formuladas, então há possibilidade de libertação, porque sem humildade para reconhecê-lo, de forma alguma se corrige um erro. De certo não seria avanço mergulhar a cabeça nas escrituras da própria religião a fim de encontrar respostas e consolo emocional, pois certas ou erradas todas as religiões são extremamente convincentes senão não teriam milhões de adeptos. Então como chegar a uma verdade mais próxima possível da realidade? Um bom início seria pesquisar e avaliar o máximo de informações de outras fontes de conhecimento como a filosofia e a ciência. Esta ultima se baseia em investigações e evidências materiais, eficazes na demonstração da realidade e da inexistência de Deus.

Direto do Deus,Ciência e Religião

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