quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A Origem de Deus

A Origem de Deus

De onde veio Deus? Ele é eterno como afirmam os religiosos ou tem uma origem desconhecida em algum ponto do passado? Seria esta uma questão acima da compreensão humana ou uma investigação minuciosa revelaria sua origem? Seria Deus um ser real ou apenas mais um mito criado pelo homem? Nas linhas que seguem lhe proponho a origem de Deus.

A natureza humana

Para se entender a origem de Deus, faz-se necessário primeiramente compreender a própria natureza humana. Todos os seres vivos, entre eles o homem, têm como imperativos a preservação da vida e a perpetuação dos genes. Cada organismo possui características que lhe permite sobreviver em seu ambiente. Entre diversas ferramentas de sobrevivência, uns desenvolveram venenos, outros camuflagem, outros ainda asas e garras. O ser humano desenvolveu a razão, a mais eficiente ferramenta, a qual lhe permite adaptar o ambiente a si, minimizando a necessidade de se adaptar ao ambiente. A razão humana, sediada no cérebro, é totalmente dependente de sensores de estado. Os sentidos da visão, audição, olfato, paladar e tato informam o estado do ambiente; as sensações de fome, sede, calor, frio, etc., informam o estado do organismo. A partir do confronto dessas informações o córtex cerebral efetua simulações de seu próprio e outros organismos em ambientes mentais com o fim de testar possibilidades e tomar ações instantâneas, ou programá-las com até anos de antecedência, para sua sobrevivência. Tais simulações são comumente conhecidas como pensamento, imaginação, sonho e pesadelo. Além da capacidade de simular, o homem possui sentimentos que são impressões dos sentidos e das sensações guardadas no cérebro. O mais importante deles é o medo, cuja sensação equivalente é a dor, com base nele o homem decide praticamente tudo que se refere à sobrevivência.

A origem de Deus

Confronto entre o bem e o mal
personificados pela imaginação
humana.
Sem limites aparentes, a mente humana simulou todo tipo de seres e ambientes com o fim de se preparar para um confronto futuro com quaisquer tipos de ameaças. Formulou lugares prazerosos como o paraíso ou tenebrosos como o inferno. Projetou seres poderosos e invisíveis, mas curiosamente visíveis nas simulações, porque nelas não há impossível. Desta forma, não é de se admirar que os deuses sejam extremamente adaptáveis a quaisquer situações, infringindo os limites físicos, racionais, lógicos, morais e éticos. Perversos em algumas circunstâncias, castigando e ordenando o massacre de multidões ou extremamente misericordiosos como pais amorosos, prometendo perdão, riqueza e vida eterna. Ora semelhantes a assassinos passionais matando e condenando ao fogo eterno quem não corresponde ao seu amor doentio, ora parecidos a compreensivos maridos que perdoam a esposa adúltera. Impotentes para evitar uma tragédia alheia, mas capazes de construir planetas e até o universo para seu próprio prazer. Por mais grandiosos que sejam, os deuses e seus ambientes sempre obedecem às leis das simulações mentais: Céu e inferno são os campos de prova, deuses e demônios são os organismos predadores mais eficientes possíveis. O córtex cerebral põe seu próprio organismo neste campo de batalha e busca formas de sobrevivência. O problema é que fugir ou destruir seres desta magnitude é impossível, então as únicas alternativas plausíveis são apaziguá-los (oferendas e obediência) ou fazê-los confrontar-se (bem x mal, Deus x Satanás, anjos x demônios) na esperança de que um venha a aniquilar o outro. Como as informações processadas no cérebro, sejam elas reais ou simuladas, têm a mesma natureza – conexões neurais – imaginação e realidade se confundem nas mentes desprecavidas. Desta forma o homem criou Deus, anjos, demônios e o mundo espiritual, passando a adorá-los, temê-los e ensiná-los às posteridades através das religiões. Como naturalmente a imaginação precede a análise, o mundo imaginário se antecipou em muito à compreensão do mundo real, tornando a humanidade escrava desse pensamento durante milênios até os dias de hoje. Embora agora se tenha o conhecimento científico como uma eficiente ferramenta de libertação, sua árdua assimilação faz com que poucas pessoas tenham disposição para se dedicar a ele a fim de entender seu mundo imaginário.

A medida de todas as coisas

O Homem Vitruviano
Centro do Universo
Da Vinci - 1492
É importante notar que a origem das entidades e ambientes espirituais está nas informações colhidas pelos sentidos e sensações humanos sobre o mundo real, principalmente pelo sentido da visão. As asas dos anjos são como as de pombos ou águias. Deus tem braços e boca como os seres humanos e, inclusive, no livro judaico-cristão, é considerado padrão de imagem para a criação do homem quando, na verdade, é antropomórfico. Para o homem não há ser mais destrutivo e ameaçador que ele mesmo, por isso os deuses mais assustadores são formulados com características humanas, alguns com partes de animais para parecerem mais aterrorizantes. O deus Anúbis dos egípcios, por exemplo, tem corpo humano e cabeça de chacal. A invisibilidade dos deuses é baseada nas características do ar que, embora invisível, é sentido e indispensável para a vida orgânica. Muitas referências bíblicas afirmam que Deus é feito de ar (pneuma, espírito). Já os ambientes sobrenaturais como paraíso e inferno, se baseiam em jardins, céu, fogo, enxofre, luz, escuridão, etc., todos encontrados na natureza. Essa imaginação limitada por figuras naturais conhecidas ocorre porque não há uma realidade transcendental que venha a ser informada ao homem além daquilo que seus sentidos e sensações possam coletar do mundo real, pois “o homem é a medida de todas as coisas” (Protágoras, 487-420 a.C.).

Reflexão

O tempo, a experiência de vida, a aquisição de informações mais apuradas tendo como referências o mundo real e os fatos, faz algumas pessoas adquirirem a capacidade de discernir o real do imaginário para alívio de sua consciência. A sugestão cultural e religiosa acerca de um mundo sobrenatural encaminha o ser humano a pensar que o imaginário é real ainda na tenra infância, fase da vida na qual não há experiência, consciência e razão suficientes para se refutar o improvável. Na fase adulta, se não houver grande exercício mental para averiguar todos os sofismas que protegem as crenças em seres espirituais – incluso Deus, cuja origem é a imaginação humana – eles atormentarão a mente dos que crêem com promessas e ameaças até o fim de sua existência.


Direto do deuscienciaereligiao.blogspot.com.br

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