quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Revendo a Religião: Dos dogmas sobre Deus ( parte 1)

Pergunto-me qual seria o método mais eficaz para se utilizar quando há a intenção de impor a outrem vários pensamentos desconexos. Respostas podem surgir aos montes, mas creio que o fracionamento das idéias em pequenas e imperceptíveis partes seria a resposta mais adequada. Semelhantes a pequenas drágeas, que podem ser engolidas aos poucos, em pequenas doses, as idéias iriam abdicando um espaço dentro das mentes mais despreparadas, gerando um inevitável acúmulo e surtindo o efeito desejado.

As inverdades da Igreja são introduzidas no pensamento dos cristãos exatamente dessa maneira. Afinal, como pegar uma grande e assustadora mentira e impô-la a milhões de pessoas de forma “fácil e indolor”? A resposta é um tanto quanto simples: basta fragmentá-la em quarenta e três frases desconexas, tornar esses fragmentos afirmações incontestáveis, através de violenta repreensão contra aqueles que ousarem duvidar da origem ou veracidade das mesmas e, pronto, tem-se criados os dogmas da Igreja Católica! Não somente a mentira assume o papel de incontestável como também acaba tornando-se desafiadora e perigosa, ao mesmo tempo em que ganha força e corrompe mentes desatentas e frágeis.

Como havia comentado em meu último artigo, “A Verdade Sobre os Dogmas”, irei rebater, um a um, os quarenta e três dogmas da Igreja Católica.

Didaticamente, podemos dividir os quarenta e três dogmas em oito grupos: a) os dogmas sobre Deus; b) os dogmas sobre Jesus Cristo; c) os dogmas sobre a criação do mundo; d)os dogmas sobre o ser humano; e) os dogmas marianos; f) os dogmas sobre o Papa e a Igreja; g) os dogmas sobre os sacramentos e; h) os dogmas sobre as últimas coisas.

A princípio, irei dissertar sobre o primeiro grupo, por assim dizer, o qual abrange os cinco primeiros dogmas: “A Existência de Deus”, “A Existência de Deus como objeto de fé”, “A unidade de Deus”, “Deus é eterno” e “Santíssima Trindade”. Para não criar artigos muito longos, irei começar dissertando sobre os dois primeiros dogmas.


A Existência de Deus

“A idéia de Deus não é inata em nós, mas temos a capacidade para conhecê-Lo com facilidade, e de certo modo espontaneamente por meio de Sua obra.”

Fico um pouco feliz ao perceber que até mesmo a Igreja reconhece que os seres humanos nascem livres! Pena que tão logo aprendemos a falar e a reconhecer lentamente o mundo que nos cerca já somos atingidos em cheio pela fé cristã – ou pela imposição da mesma. A igreja pode reconhecer que nascemos livres, mas faz questão de salientar que marchamos cegamente em direção a um abismo que nos fará cair em queda livre rumo à morte racional.

Diz o dogma que podemos conhecer facilmente Deus pela sua obra. Pergunto-me: qual obra? Espero que a resposta não se faça encontrar numa teoria infantil como a de Adão e Eva! A igreja nada faz além de atribuir Deus àquilo que até hoje não se sabe explicar com plena certeza. E vale ainda lembrar que essa “obra” de Deus inclui séculos de tortura, assassinatos e barbáries, os quais jamais poderão ser esquecidos.

Risível, ainda, é encontrar a palavra “espontaneamente” em meio às falácias católicas! O único gesto espontâneo da igreja é o de abrir as mãos para receber os dízimos e doações provindas daqueles que acreditam ser possível comprar honestidade, perdão e consciência livre através do dinheiro!


A Existência de Deus como Objeto de Fé

“A existência de Deus não é apenas objeto do conhecimento da razão natural, mas também é objeto da fé sobrenatural”

Esse dogma estaria quase totalmente certo, não fossem as duas últimas palavras. Realmente, se a existência de Deus dependesse única e exclusivamente da razão natural, essa estória ridícula não teria perdurado mais do que alguns poucos anos. A partir do momento que houvesse uma mente verdadeiramente pensamente, Deus passaria do patamar de ser supremo para o de invenção desprezível em um piscar de olhos.

Entretanto, existe o que a igreja chama de “fé sobrenatural”, que nada mais é do que a imposição da idéia de Deus e sua “soberania” através de crendices e folclores cristãos, como milagres, manifestações fantásticas, chagas, possessões e santificações, constituindo assim uma resposta da Igreja às constatações científicas. Porém, nenhum elemento da fé sobrenatural, seja ele qual for, pode ser considerado verdadeiro. Os milagres são fabricados para elevar a tendência da mente humana de acreditar no impossível; as manifestações fantásticas, como as aparições da Virgem Maria, servem para alimentar nosso apetite por estórias insólitas, e para eternizar o ciclo de mentiras (invariavelmente, todo ano somos surpreendidos com notícias de aparições do rosto de Jesus no pote de margarina, ou no sabão de coco), pois são facilmente geradas pela própria vontade do homem de provar o que se sabe ser improvável; as chagas apenas fortificam as manifestações fantásticas, mas vão mais a fundo, pois levam pessoas a cometer atos contra sua própria integridade física, no intuito de fortalecer uma grande mentira coletiva; as possessões nada mais são do que explicações cristãs para manifestações psiquiátricas que buscam ratificar a existência de um Deus bom e misericordioso e de um Diabo mau e assustador, ou seja, a eterna briga do bem e do mal; e as santificações nada mais são do que tentativas forçadas de criar uma conexão entre o homem bom e amável, respeitador e fiel ao decálogo – ou seja, uma marionete da igreja – com o seu criador, fazendo com que os “pecadores” sigam à risca os prenúncios da igreja, o que, automaticamente, aumenta o número de fiéis e eleva as riquezas da igreja à enésima potência!

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