A Síndrome de Estocolmo e o Crente
1. Instauração do Medo
Os sequestradores me fizeram uma grave ameaça: Se não cooperar vamos te matar!
Temeroso quanto minha integridade física e minha vida, lembrei das
orientações das autoridades de segurança que vemos em noticiários de TV e
procurei manter a calma. A capacidade de persuasão (revólver) dos
sequestradores e minha desvantagem numérica (1:2) me fizeram concluir
que a melhor alternativa era mesmo cooperar.
Uma prática
comum nas reuniões cristãs é também a instauração do medo. Embasados na
Bíblia (Mt 10.28; Ap 21.8, etc.) ministros eclesiásticos pregam morte, infortúnios e condenação divinos
para quem não cooperar tanto financeira quanto doutrinariamente. O medo
causado por estas ameaças danifica a racionalidade do crente exatamente
como em um sequestro.
2. Promoção da Esperança
Quando os seqüestradores constataram minha cooperação cega, fizeram o seguinte comentário: Tu és gente boa, vamos te deixar viver!
Ouvir aquilo me foi um alívio, julguei ter agradado aos seqüestradores.
Meus sentimentos a partir deste momento foram de esperança de vida.
A preocupação em agradar a Deus para aplacar sua ira e alcançar a promessa de vida eterna
(Jo 3.16; Mt 19.17; etc.) é uma constante na vida do crente fiel. A
esperança nas promessas complementa o medo das ameaças como as algemas
complementam o chicote para obediência do escravo. A fórmula
medo-esperança é extremamente eficiente para eliminar a vontade própria e
as faculdades crítica e cognitiva do crente, abrindo caminho para o
servo-doutrinamento.
3. Doutrinamento
Depois de
algum tempo, em conversas com os sequestradores, fui convencido que me
seqüestraram forçados pelas circunstâncias, que eram boas pessoas e não faziam isso por mal.
O interessante é que realmente acreditei e passei a me colocar no lugar
deles. É lógico que em sã consciência ninguém acreditaria que alguém
que lhe faz ameaça de morte é bom. Esta simpatia dos reféns pela causa
do sequestrador é chamada de Síndrome de Estocolmo (matéria no final).
Quando a capacidade crítica do crente é extinta, as doutrinas são implantadas. No cristianismo, como num sequestro, o crente é convencido de que, apesar das ameaças que Deus lhe faz, ele é bom.
Em pouco tempo alguns conceitos importantes são modificados para
manutenção da submissão: Medo de Deus passa a ser "respeito" e
sentimentos são "provas" das manifestações divinas. A partir daí fica
mais difícil ainda o crente perceber a armadilha. Qualquer absurdo que
lhe for dito por seus líderes religiosos será recebido com alegria e
status de sabedoria. Já não é mais possível argumentar com o crente,
pois sua convicção baseada no medo e na esperança não lhe permite dar
crédito à razão.
Conclusão
Pescado direto do deuscienciaereligiao.blogspot.com.br
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