3 Motivos para Crer em Deus
Nota inicial: O texto que segue é de
difícil aceitação para aqueles que acreditam na existência de Deus,
pois aparentemente faz críticas injustas aos que creem. Peço ao leitor
que resista à tentação de parar a leitura e chegue até o fim, pois esta
ajudará o humilde a dissolver algumas dúvidas importantes acerca de
Deus.
A existência de Deus é um assunto controverso que se arrasta por milhares de anos no seio da humanidade. Uma prática comum dos religiosos é solicitar provas dos que negam sua existência. Em contrapartida os ateus afirmam que o ônus da questão é dos religiosos, os quais trouxeram ao mundo um ser fora do comum. Seria mais ou menos assim: Se um pescador diz que viu um peixe de três cabeças e insiste que as pessoas precisam acreditar nele, então ele deve apresentar provas para as pessoas crerem, ficando os descrentes isentos de apresentar qualquer prova sobre sua descrença, porque não foram eles que suscitaram a questão. Este ponto de vista ateu é razoável, o problema é que os religiosos são capazes de persuadir multidões sem necessidade de provas concretas, além de estabelecerem regras sociais com base em suas crenças que incentivam à fobia aos descrentes e, consequentemente, à intolerância e hostilidade àqueles que pensam diferente. Resta então aos ateus a difícil defesa através da demonstração da inconsistência dos argumentos religiosos, o que não é uma tarefa fácil devido a três importantes motivos:
A existência de Deus é um assunto controverso que se arrasta por milhares de anos no seio da humanidade. Uma prática comum dos religiosos é solicitar provas dos que negam sua existência. Em contrapartida os ateus afirmam que o ônus da questão é dos religiosos, os quais trouxeram ao mundo um ser fora do comum. Seria mais ou menos assim: Se um pescador diz que viu um peixe de três cabeças e insiste que as pessoas precisam acreditar nele, então ele deve apresentar provas para as pessoas crerem, ficando os descrentes isentos de apresentar qualquer prova sobre sua descrença, porque não foram eles que suscitaram a questão. Este ponto de vista ateu é razoável, o problema é que os religiosos são capazes de persuadir multidões sem necessidade de provas concretas, além de estabelecerem regras sociais com base em suas crenças que incentivam à fobia aos descrentes e, consequentemente, à intolerância e hostilidade àqueles que pensam diferente. Resta então aos ateus a difícil defesa através da demonstração da inconsistência dos argumentos religiosos, o que não é uma tarefa fácil devido a três importantes motivos:
I – Falta de Provas
Deus hindu Shiva - Sua inexistência não é provada, mas não é crido no Ocidente por ser considerado absurdo. O deus cristão recebe o mesmo tratamento na Índia. |
Os religiosos parecem querer que os
ateus depositem aos seus pés o corpo morto de Deus para acreditarem que
ele não existe. De fato provar-se a inexistência de Deus de forma direta
é uma tarefa impossível, mas há inúmeras provas indiretas, muitas
evidências materiais e factuais que descartam a existência de Deus. Um
exemplo está na alegação dos autores bíblicos de que Deus criou o
Universo e a vida intervindo na Natureza em várias etapas, uma aposta na
incapacidade humana da época de chegar à verdade. Mas hoje, com o
avanço científico, não poucas descobertas demonstram que tanto a
formação do Universo quanto a da Terra e o surgimento da vida tiveram
origem natural, que se existe um deus, criou tudo o que há sem fazer
intervenções durante a formação do Universo.
II – Ignorância
Escola pública no estado do Rio Grande do Norte (Brasil) - Negligência com a educação reflete numa maior religiosidade popular. |
Embora alguns poucos cientistas e uma significativa quantidade de pessoas com bom nível de conhecimentos gerais sejam religiosos fervorosos, fato que será abordado no terceiro motivo, um dos principais motivos que dificulta a compreensão da inexistência de Deus como uma alternativa, e ajuda na aceitação de provas inconsistentes, é a ignorância que a maioria das pessoas tem sobre si e o mundo. Pesquisas realizadas entre cientistas e populações de diversos países revelam que pessoas com níveis elevados de conhecimento acadêmico e acesso a educação de qualidade são propensas ao ateísmo, enquanto pessoas com pouca instrução são propensas à religiosidade. Menos de 10% dos membros das academias americana e britânica de ciências acreditam na existência de Deus. Entre os cientistas de segundo escalão a crença em Deus está em torno de 40%. A mesma tendência se reflete nas populações de diversos países. No Japão os crentes são 35% da população, na França apenas 27%; e na Suécia, com analfabetismo zero, somente 15% ¹ das pessoas acreditam em algum tipo de deus. Porém o Brasil, com cerca de 38,9 milhões de analfabetos funcionais (mais de 20% da população), apresenta 93% de religiosos. Embora haja exceções, esta relação entre religiosidade e educação negligenciada é encontrada em praticamente todos os países de maioria religiosa.
Por que o conhecimento torna muitas
pessoas ateias e, por outro lado, a ignorância as torna crentes? A
resposta é simples, mas requer atenção: Os religiosos alegam que Deus
intervém no mundo material e estas intervenções são provas de sua
existência, porém, quando comprovado cientificamente que as intervenções
são eventos puramente naturais, as provas se viram contra a divindade.
As pessoas que têm conhecimento suficiente para entender as explicações
científicas deixam de acreditar nas provas e, consequentemente, em Deus.
Nos tempos antigos a humanidade
acreditava que praticamente todo evento natural – raios, chuvas, ventos,
seca, etc. – era diretamente influenciado por seres espirituais. Mas
por incrível que pareça ainda hoje a ignorância faz a maioria das
pessoas acreditar em intervenções divinas nestas áreas. Em 2009 houve
dois acidentes aéreos sobre o mar com vôos da Air France, no primeiro
não houve sobreviventes, no segundo uma adolescente de 14 anos
sobreviveu com hematomas e uma clavícula quebrada. Logo a notícia de
milagre se espalhou pelo mundo. As pessoas que ignoram os múltiplos
sentidos da palavra milagre creditaram-no a Deus. Mas uma análise
relativamente simples revela por quê a garota sobreviveu. O avião estava
a uma velocidade em torno de 400 km/h e partiu-se somente após o pouso
sobre as águas, possibilitando aos cintos e poltronas projetados para
impacto preservar a vida de algumas pessoas, entretanto só a jovem se
salvou por ter se agarrado a destroços e suportado tempo suficiente até o
resgate. Porém, no primeiro acidente, o avião estava à velocidade
aproximada de 900 km/h e se desintegrou a mais de 3 mil metros de
altura. Se alguém sobreviveu à desintegração, morreu de asfixia, se
sobrevivesse à asfixia, morreria no impacto com o mar. Sob condições
muito mais severas, nenhuma das 150 pessoas sobreviveu. Este é apenas um
exemplo de que todo milagre é ocorrência natural mal avaliada ou
história adulterada, quando não, fictícia.
Mas por que alguns cientistas e pessoas
cultas acreditam na existência de Deus? Porque a crença no sobrenatural
não se fundamenta somente nestes dois fatores.
III – Compromisso Emocional
Ilustração artística de Jesus consolando um seguidor hodierno - As emoções são fundamentais para a cultura cristã. |
Reflexão
Os três motivos para crer em Deus –
falta de produção de provas por seres imaginários, ignorância e
compromisso emocional – são verdadeiras muralhas contra o entendimento
da inexistência de Deus. Observar a relatividade das exóticas,
irracionais e mirabolantes religiões de outros povos e perceber que os
membros delas são tão fervorosos e convictos quanto os da religião
local, pode suscitar importantes questões ao crente: Do ponto de vista
das outras religiões, minha crença não seria também absurda? Estaria eu
enganado como os bilhões de membros das outras religiões? Se Deus não
protegeu bilhões de pessoas de criarem e seguirem religiões erradas, o
que garante que eu fui protegido e passei a acreditar na correta? Dizer
que Deus castiga quem duvida não seria um mecanismo inconsciente das
religiões que mantém seus adeptos, inclusive eu, sob seu domínio? Se
estas e outras questões podem ser sinceramente formuladas, então há
possibilidade de libertação, porque sem humildade para reconhecê-lo, de
forma alguma se corrige um erro. De certo não seria avanço mergulhar a
cabeça nas escrituras da própria religião a fim de encontrar respostas e
consolo emocional, pois certas ou erradas todas as religiões são
extremamente convincentes senão não teriam milhões de adeptos. Então
como chegar a uma verdade mais próxima possível da realidade? Um bom
início seria pesquisar e avaliar o máximo de informações de outras
fontes de conhecimento como a filosofia e a ciência. Esta ultima se
baseia em investigações e evidências materiais, eficazes na demonstração
da realidade e da inexistência de Deus.
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