quinta-feira, 15 de maio de 2014

A FISICA e o Ateísmo !!!


Numa sociedade que não vê o descrente com bons olhos, formulários de dados pessoais listam no campo Religião a opção Ateus. Fazendo um paralelo com o campo Automóvel, a exata correspondência teria que ser uma opção como Não sei dirigirÉ como se o ‘amotorista’ tivesse que assumir para si mesmo que lhe falta algo, além do carro. Não tem seria a resposta mais precisa para indicar a relação do ateu com a religião, mas não é a mais conveniente, porque a sociedade quer deixar claro que, como no caso do ‘amotorista’, também lhe falta algo: a competência, a habilidade, a capacidade intelectual para perceber Deus.
Um equívoco que o onipresente preconceito contra ateus conseguiu enfeitar e vender como verdade, é a declaração de que “o ateísmo também é um tipo de crença”, onde se percebe o sofisma que pretende confundir a crença vinculada apenas à falta de conhecimento, com a crença religiosa e com a fé. O fato de ser impossível provar que deuses são apenas fruto da imaginação humana, que é o argumento ateísta, não transforma um ateu num crente na inexistência de deuses, muito menos na inexistência de um Deus específico.
Como ninguém nunca me perguntou em quais deuses eu não acredito, ou quais cidades eu nunca visitei, ou quais nomes não são o meu nome, eu elaborei a minha Teoria Taxonômica Sofismática da Negativização, pelo que se estabelece a relevância que se dá às coisas que “não são”. Por exemplo, alguém que não sabe ler nós definimos como analfabeto, admitindo-se como padrão a capacidade da leitura; mas não designamos como ‘amotorista’ aquele que não sabe dirigir. Isso porque existe uma intenção social embutida na negativização dos termos. Seria vantajoso para a sociedade se todo mundo soubesse ler? Sim. Então nomeia-se a condição negativa: analfabeto. Seria vantajoso se todo mundo soubesse dirigir? Não!! Então melhor esquecer o ‘amotorista’, porque palavras negativizadas sempre mexem com os brios das pessoas, e ninguém vai querer mais gente aprendendo a dirigir e entupindo as ruas com ainda mais carros. 
Nesses moldes tem-se o “descrente”, na sua forma mais popular “ateu”, cuja definição é propagandeada como sendo aquele que crê na inexistência de Deus. Só que não faz sentido acreditar na inexistência de algo, assim como não faz sentido aprender a não ler, ou a não dirigir. 
O ateísmo é apenas uma reação à crença religiosa, do mesmo modo que a força Normal é a reação da força Peso. Assim como a Normal, o ateísmo não existe por si, nem faz nada além de tentar manter as coisas em equilíbrio, evitando que o ser humano, ao desafiar a gravidade da razão, despenque no abismo de sua própria loucura.



Direto do DEUSILUSÃO.anormal

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Palmas pra Jesus!”


Como todo mundo sabe, Deus é tudo de bom, muito mais poderoso do que o Super-Homem e tal. Mas não move uma palha para ajudar suas incontáveis igrejas aqui na Terra. Ele, que tudo controla, não se dá nem ao trabalho de desviar os raios das suas edificações, que são os seus templos sagrados. E haja para-raios pra espetar nessas igrejas todas!
Pois bem, como Deus é duro, o missionário R.R. Soares não faz cerimônia para pedir ajuda terrena mesmo. São os “patrocinadores”.

— Deus chamou você para ser um patrocinador?
Se sim, se Deus chamou, é só fazer um sinal, que, nessa hora do culto, a igreja fica coalhada de “obreiros” (pelo menos é a terminologia usada na IURD) com as mãos repletas de boletos do Bradesco. Enquanto os fiéis são… digamos… estimulados a pegar uma fichinha de depósito daquelas, o R.R. Soares sempre apresenta alguma coisa. Dia desses, ele convidou os que já faziam contribuições regularmente a darem algum “testemunho” (outro termo técnico muito usado) de como Deus estaria “operando” (mais um) nas suas vidas; tipo assim, para motivar futuros patrocinadores, já aproveitando que os boletos bancários estavam ali roçando as caras deles.
O que me chamou a atenção foi logo o primeiro depoimento de um casal de idosos. Só a mulher falou: Deus tinha operado um milagre na vida dela e na do marido. O missionário ficou muito alegre e pediu para que ela divulgasse o tal do milagre. A senhora disse que o marido apresentou um problema muito grave no coração. Foi socorrido às pressas a um hospital, onde passou por tratamentos intensivos, medicação constante, atenção médica, exames e coisas do gênero. No fim do relato, que me deixou certo de que eles dois deveriam ter um ótimo plano de saúde, a velhinha revelou o milagre:

— Depois de 12 dias no hospital, ele está aqui.
Ok. Eu não posso ser tão burro assim. O “ele”, obviamente, é o marido; o velhinho, a prova do milagre. Quando ela completa “ele está aqui”, está apenas se valendo de um eufemismo, ou seja, ela quis dizer: “ele ainda está vivo, apesar da idade e do problema que teve”. Isso mesmo. Vivo, depois de ter tido um problema grave no coração. Depois dos 12 dias de internação e cuidados médicos especializados. Pois é. Não parece que tá faltando alguma coisa? Eu, pelo menos, não consegui achar onde aquela senhora escondeu o milagre que fez o R.R. Soares pedir palmas para Jesus.
Eu, que queria tanto aplaudir.

Direto do DEUSILUSÃO

A fé atropela a lógica e a dignidade humana para enxergar o amor de seu Deus. Ignoram, porém, os crentes que, em outras catástrofes, igrejas e fiéis foram dizimados sob escombros e estátuas de santos e cristos crucificados. Alienados, ignoram que tal interpretação não faz o menor sentido, porque os mesmos crentes recitam em verso e prosa que o seu Deus, além de todo-poderoso, é onisciente. Por amnésia racional ignoram o fato de que se seu Deus sabe de tudo antes de tudo acontecer (e eles mesmos preconizam-No tamanha prerrogativa de poder), por que usaria de tão estúpido expediente para testar provações sabendo de antemão do resultado?

Agora sangremos a outra corrente, a que interpreta a ira de Deus, nesses eventos, como forma de punir pecados de suas miseráveis e frágeis criaturas. Não é preciso lembrar que o arquipélago das Filipinas está entre os maiores países cristãos do planeta. Lá a encenação realística da crucificação de seu Deus, além de identidade cultural, deixa clara a profunda manifestação de fé daquele povo. Significa que, mesmo sabendo disso, Deus não deu a mínima para a fé dessa gente ao permitir ou provocar, no caso da ira como punição, todo o sofrimento e desolação só para punir alguns adúlteros, fornicadores, homossexuais e ateus, se lá existirem, sem distinguir, por imperícia ou omissão, o joio do trigo, como recomenda no segundo livro. Nesse caso, cabe lembrar aos adeptos dessa corrente, que o seu Deus, no primeiro livro, chegou a arrepender-se de suas catástrofes humanitárias do passado a ponto de afirmar, em uma de suas sentenças, jamais voltar a punir a humanidade com tamanha força de destruição, como fizera ao dizimar Sodoma e Gomorra e ao provocar o extermínio em massa com o dilúvio.

Se deus ainda se ocupa de provocar catástrofes humanitárias aqui e ali, ou ele mentiu, o que fica feio para o seu status, ou ele revogou seu próprio decreto, o que não combina com o Deus de amor e misericórdia pintado por seus crentes.

Por estreitar o raciocínio ou reduzi-lo a um dogma de aceitação, a fé impede os crentes de enxergar que, no advento de um ser de tamanha magnanimidade, seria de esperar que sua redentora ira de incomparável grandeza fosse direcionada para impedir uma série de injustiças e monstruosidades que continuam sendo perpetradas em todo o planeta.  Em vez de manter de pé ídolos de barro, que impedisse Deus a subjugação, a vilipendiação, a humilhação, a escravização! Enquanto Deus despeja ira desmensurável e desnecessária sobre miseráveis, crianças continuam sofrendo as maiores barbáries nas mãos de predadores sexuais, muitos dos quais seus porta-vozes; pessoas continuam sendo sequestradas para terem seus órgãos arrancados por traficantes que os vendem para poderosos que ignoram a dignidade dos “doadores”, gente miserável da Índia e de outras partes da Ásia que, com o tempo e a miséria inclemente, aprenderam a negociar a própria vida vendendo pedaços de seus corpos por bagatelas com que compram o alimento que os alivia a fome. Dessa forma, vivem cativos como animais preparados para o abate, para o deleite e o bem-estar de circunspectos cidadãos devotos que se acham mais importantes do que os miseráveis, sob o olhar passivo e soberano desse Deus que nada faz.

Enquanto Deus engendrava metáforas sobrenaturais, controlando o supertufão, o mundo religioso continuava fazendo vista grossa ou mesmo financiando a miséria na África e ignorando a fome e a sede que matam crianças inocentes todos os dias.

 Há ainda, entre as várias correntes da fé, a que enxerga milagres de seu Deus no resgate desse ou daquele, no socorro impossível de um ou de outro. Estúpidos, ignoram um fato perturbador: com tamanho poder de intervenção, ao livrar apenas um ou outro da morte, Deus está a desperdiçar toda a sua onipotência, na melhor das hipóteses. Ou apenas preferindo não usá-la, mesmo podendo evitar sofrimentos desnecessários, na pior delas. Não compreendo como um Deus tão estúpido ou sádico merece adoração! O fato é que qualquer dessas hipóteses causa embaraços gigantescos para o Deus dos crentes, que, quando não está se divertindo ou despejando ira, anda todos os dias a conseguir emprego para desempregado, a curar caroços de enfermos, a doar casas e carros para quem os pede, a conquistar vitórias para esportistas crentes, e até arvora-se de cupido arrumando parceiros para crentes mal amados.

Para finalizar, não nos esqueçamos de duas outras interpretações dos crentes: a que sustenta que Deus não provoca o mal, mas sim o seu arqui-inimigo, preconizado no segundo livro dos crentes como o príncipe deste mundo; e a que encerra discussão com o prosaico: “o homem é muito pequeno para entender a mente de Deus”. À primeira, respondo: com um inimigo desse, não há amigo que nos vingue. À segunda, deixo a pergunta: se não temos capacidade para entender as mensagens de Deus, por que ele insiste nelas?


CARLOS TAVARES – jornalista
Direto do Deusilusão.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Os crentes e suas variadas versões para

a omissão de Deus nas catástrofes humanitárias

Autor: CARLOS TAVARES — jornalista, amante da leitura e livre pensador 

Imagens+de+Cristo+e+Nossa+Senhora+ficam+intactas+ap%C3%B3s+tuf%C3%A3o+nas+Filipinas

Confesso não saber a que retórica poderá ainda recorrer o pensador lúcido, não afetado por desonestidades intelectuais de ferir a razão, para mostrar com clareza irrefutável o quão ridícula é a teologia da fé. A realidade da vida é tão avassaladoramente clara que a menos refinada das reflexões silogísticas bastaria para pôr fim à enfadonha discussão patrocinada pelo rebanho do pensamento religioso. Em outro ensaio já expus as contradições da oração. Neste, deixarei às vísceras a teologia que sustenta a religião quando provocada a sair de sua zona de conforto do seu mundo mágico adornado de retórica açucarada ou fulgurações epifânicas para explicar o comportamento de sua divindade diante das catástrofes humanitárias.

Como a fé não tem pudores para expor contradições e incoerências, vemos, nós os lúcidos, escancarada a gratuidade pueril de sua empáfia quando cotejamos a diversidade de suas interpretações da tragédia humanitária. Megaeventos sísmicos, como o ocorrido nas Filipinas, podem, para uns, significar a ira de Deus; para outros, é Deus agindo no livramento de alguns; e, para muitos, é permissão de Deus tais sofrimentos, uma forma de mostrar ao Homem que ele deve voltar para os braços do Pai. Deus, por muito nos amar, teologizam os crentes, está nos educando com sua divina pedagogia. Só o pensamento religioso ainda tem a estúpida licença para ofender a dignidade humana sem merecer um Nuremberg.

Comecemos com a interpretação dos que enxergam sinais de fé diante do cenário de desolação e dor. No caso das Filipinas, surgiu da imagem de uma das iconografias variadas que o cristianismo usa para representar seu Deus que, na visão dos crentes, por insondáveis mistérios divinos, sobreviveu incólume da sanha devastadora do supertufão cuja potência destruiu casas, casebres, hospitais, viadutos, aeroportos, creches, ruas, vilas, cidades e até igrejas, mas não teve forças para derrubar uma frágil estátua de gesso ou alvenaria.

Eu poderia começar mostrando que o Deus dos que acreditam no poder sobrenatural intervencionista, no primeiro livro, manda matar quem construir imagens com representação do que há no céu e na Terra, cujo mandamento uma corrente da mesma fé usa para combater a outra, e esta, por sua vez, baseada num trecho perdido nesse mesmo primeiro livro, interpreta uma permissão do mesmo Deus para confeccionar imagens, de barro, madeira, gesso, metal ou de qualquer outro mundano material para adoração ou devoção dos fiéis.

Eu poderia, mas não vou, porque o pensamento religioso é estúpido a ponto de encerrar uma discussão com respostas dogmáticas proibidas de questionamento. Se a fé diz que ajoelhar diante da imagem do santo é devoção e diante do seu Deus é adoração, não há que se contestar. Mas eu não vou expor tais contradições; destas, trato em outro texto. Aqui, serei prático, sem análises retóricas ou filosóficas mais profundas. Vamos analisar a hipótese de Deus nos aplicando sua insondável pedagogia através desse sinal: permitiu a destruição total e as mortes de crianças, doentes mentais, mulheres grávidas, deficientes, enfermos nessa miserável e religiosa Filipinas, mas sustentou com suas mãos poderosas uma estátua feita por um santeiro ou por uma linha de produção de alguma fabriqueta qualquer para nos passar uma mensagem que deve ser devidamente interpretada, embora os mesmos adeptos da corrente de fé admitam, volta e meia, quão insondáveis são seus desígnios.

Se Deus tem poder suficiente para intervir, mas preferiu omitir-se, ocupando-se apenas de escorar um pedaço de argamassa, ele ou é sádico, perverso, arrogantemente insensível, ou não passa de uma doidivana figura entretida com a criação de suas parábolas, metáforas e hermenêuticos desígnios para sua diversão, tal como um rei exótico num coliseu repleto de escravos enfrentando lanças e leões sem saber que seu sofrimento não passa de um macabro teatro da realidade para entreter do tédio a realeza.


CONTINUA…
Fonte: Deusilusão.

 

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

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A lembrança mais forte que tenho do período em que estava sendo doutrinado para me plugar à Matrix é a da representação artística do Paraíso impressa na capa de uma revista chamada A Sentinela, mantida e publicada pela religião denominada Testemunhas de Jeová. Era um desenho em preto e branco muito bonitinho que mostrava uma paisagem com montanhas ao fundo e com um terreno levemente ondulado em primeiro plano, gramado, cheio de árvores e de flores, com dois casais, um de adultos e o outro de idosos, sorrindo enquanto olhavam duas criancinhas afagando a juba de um enorme leão.
Não lembro quem me explicou que aquilo era o Paraíso, mas lembro que me disse que era um lugar muito bonito, onde sempre era dia, com um clima eterno de primavera; onde as pessoas estariam sempre sorrindo, sempre felizes; onde não haveria nenhum sentimento ruim, nem dor, nem morte, e até mesmo onde as feras seriam como bichinhos de estimação.
O meu cerebrozinho infantil ficou fascinado com aquilo. Claro que ficou. Os religiosos usam, mais ou menos, as mesmas técnicas que os pedófilos para seduzirem as crianças, só que o abuso que eles cometem, geralmente, se restringe ao nível mental.
Mas o caso é que a ilusão da Vida Eterna é algo muito próximo daquela cena do chá do livro As Aventuras de Alice no País das Maravilhas. Alguém apresenta um tipo de situação que só faz o mínimo de sentido se você considerar apenas aquele momento, como quando eu olhei o desenho a primeira vez, sem se preocupar com passado e futuro, com causa e efeito, e, mais importante de tudo, sem fazer perguntas.
A ideia da Vida Eterna desmorona por completo ao som de frases que terminam com um ponto de interrogação.
Talvez por isso mesmo que eu posso quase apostar que o crente comum não conseguirá lembrar de ninguém discutindo o assunto; como não conseguirá lembrar de nenhum livro, nenhum filme, nenhum sermão, nenhuma comunidade no Facebook falando sobre a Eternidade, sobre a Vida Eterna. Sou capaz de apostar que ele nunca se pegou pensando nisso, nunca parou para racionalizar o que seria viver para sempre; nunca tentou se imaginar vivendo no Paraíso, no lugar que espera ter como prêmio o direito de morar depois de morto, e pelo que pauta toda sua vida.
Não é algo um tanto quanto estranho? Viver uma vida toda sob regras rígidas para alcançar a graça, o direito, a recompensa de ir para um determinado lugar sobre o qual nunca se pensou a respeito, tendo-se, no máximo, uma ideia estática do que seja esse lugar, como uma visão de um desenho numa revista? Você passaria 10 anos que fosse da sua vida trabalhando de sol a sol para conseguir economizar dinheiro para comprar um apartamento do qual você não sabe nada, nem nunca procurou saber, e do qual só viu um desenho em preto e branco? Provavelmente não. Mas os crentes agem assim. Eles querem morar no Paraíso, mesmo nunca tendo parado para pensar sobre o assunto, sobre como será viver lá. Claro que eles não estão com nenhuma pressa e, se são acometidos de alguma doença que pode se complicar e levá-los à morte, e, portanto, mais rapidamente para o Céu, eles, como todos nós, tratam de adiar essa viagem.
Se eu pudesse voltar no tempo para encontrar de novo aquela pessoa que me explicou o que era o Paraíso, eu gostaria muito de pedir para ela responder umas poucas perguntas que aquele mesmo cérebro que ela estava, então, seduzindo, acabou por formular depois que se tornou imune às investidas desses abusadores infantis. Serão esses questionamentos que eu vou passar a expor nos textos que seguem.
Eu vou fazer algo que, se não fosse surtir justamente o efeito contrário por atiçar a curiosidade das pessoas, o papa faria questão de proibir:
Eu vou racionalizar a Eternidade.


Eu acho a visão esteriotipada que as pessoas fazem da Vida Eterna algo muito engraçado, para não dizer ridículo. Supõe-se que, na Eternidade, a vida será sempre vivida ao ar livre, numa eterna manhã primaveril de domingo, onde as pessoas andarão sorrindo para o vento, vestidas em camisolões folgados de cores claras, descalças, pisando num chão de nuvem, ou num chão de grama de um mundo-jardim, felizes da vida e sem nenhuma preocupação. Nada de contas a pagar, nem dor de barriga, nem reuniões de condomínio, nem frustrações, nem desejos, nem ambições, nem inveja, nem raiva, nem emoção, nem surpresa, nem medo, nem decepções, nem tortas de limão, nem sexo, nem tv, nem… epa!, peraí. Tem certeza de que Vida Eterna não é o mesmo que Morte Eterna? Ah, tá bom: tem diferença. Ok.
Vamos, então, fazer algo que, acho eu, você nunca havia feito antes: racionalizar a Eternidade.
A primeira coisa que preciso supor é que as pessoas entrarão na Eternidade com um corpo físico. Alguém poderia ser contrário a essa suposição, mas veja: o Inferno também faz parte da Eternidade e lá as pessoas, obrigatoriamente, terão de volta seus corpos, visto que Deus o projetou para as pessoas serem torturadas com torturas físicas. Logo, será preciso um corpo físico cheio de juntas, pontos sensíveis e com um sistema nervoso tinindo para poder dar conta de todos esses estímulos. Não dá para imaginar um espírito sentindo dor e rangendo os dentes dá? Não, não dá. Assim, admitindo-se que Deus tem sempre o mesmo peso e a mesma medida, já que uns passarão a Eternidade com o seu corpinho no Inferno, não tem por que não imaginar que acontecerá o mesmo com os que forem agraciados com o Paraíso.
Muito bem: depois do Juízo Final, os que forem salvos terão também seus corpos de volta. Mas, admitindo-se que uma beata que morreu aos 96 anos tenha tido vários corpos físicos durante a sua vida — já que ela foi um bebê, uma menina, uma moça, uma mulher adulta, uma senhora, uma velhinha —, com qual deles ela entrará na Eternidade?
Você  já havia pensado nisso?
Será  que a velhinha de 96 anos terá de volta apenas o corpo com o qual encontrou a morte? Seu “último” corpo? Assim, eu deveria supor que haverá muitas criancinhas e muitos bebês no Paraíso, ou seja, aqueles que morreram ainda bebês ou em tenra idade e foram salvos. Deve então haver algum tipo de serviço de babá no Céu? Sim, porque alguém terá que tomar conta desses bebês eternamente, pois eles morreram com corpos e mentes de bebês e vão se comportar de acordo. Aliás, o fato de estarem no Paraíso não fará a menor diferença para eles. Fará diferença apenas para os outros que poderão se distrair com as suas gracinhas. E me causa arrepios imaginar um Deus que criou uma Eternidade onde alguns dos seres que lá habitarão — no caso, os bebês — serão enfeites vivos que servirão apenas para o deleite dos outros que, por sorte, tiverem a consciência da própria existência e condição. Algo que os bebês certamente não têm e nem terão. Na Terra, isso seria apenas uma fase da vida, mas, na Eternidade, isso seria tudo que eles poderiam ser: enfeites vivos eternos.
E você  não acharia desconfortável, minha leitora, depois de ter morrido velhinha, bem velhinha, com seu corpinho decrépito, passar toda a Eternidade olhando aquelas curvas perfeitas, aquelas peles lisinhas, aqueles rostos graciosos, aqueles peitos firmes das mocinhas que morreram na “flor da idade”? Ou devo supor, também, que o corpo físico que habitará o Paraíso terá um cérebro um tanto quanto alterado, um tipo de versão atualizada do software que temos hoje, que não permitirá que as pessoas sintam certas coisas, como inveja e saudade? Você terá que concordar comigo que mesmo a pessoa mais íntegra, bondosa e pura da Terra, vez ou outra, pode sentir uma pontada de inveja, mesmo por motivos bobos, de outra pessoa, e saudade de um tempo em que era mais bonita e mais nova. E, aqui entre nós, a velhinha de 96 anos que mencionei não estaria assim diante de um motivo tão bobo e, além de tudo, teria todo o tempo da Eternidade para ser abordada por aqueles sentimentos mundanos.
Logo, começamos a concordar que quem habitará o Paraíso terá  seu corpo de volta, mas terá algumas partes do seu cérebro modificadas, apagadas ou seja lá o que Deus tenha que fazer para que aquela velhinha não venha a ficar aborrecida com a má sorte de, por ter vivido 96 anos na Terra, ter que carregar, por toda a Eternidade, um corpo murcho, enquanto umas tantas fulaninhas tiraram a sorte grande porque viveram só uns 17 anos e vão desfrutar, para sempre, de um corpinho perfeito. Se Deus não atentou ainda para esse detalhe, acho bom alguém mandar-lhe um e-mail, pois eu me atrevo a dizer que conheço um pouco as mulheres e isso poderá ocorrer sim, caso nada seja feito.
Sendo a alma feminina eterna, como se supõe que sejam todas as almas, esse resquício de despeita terrena entrará com Elas no Paraíso e Deus, certamente, terá problemas de novo.
Será  que ele já se esqueceu de Eva?


Bom, uma vez que o sexo é sempre encarado com restrições (quase um tabu) pelas religiões aqui na vida pré-Juízo Final, eu posso supor que as coisas não irão mudar no Paraíso. Claro, deixemos o Islã de fora desse raciocínio, pois Alá reserva 72 virgens para os que morrerem mártires, ou seja, aqueles que passarem toda a vida se policiando para não terem nem mesmo pensamentos impuros acerca do corpo feminino — motivo pelo qual as mulheres dos países muçulmanos têm que se cobrir da cabeça aos pés — e tiverem a sorte de, ainda virgens, morrerem numa situação gloriosa, tal como tentando atravessar um arranha-céu com um avião de passageiros. Esses sim poderão desfrutar de um bacanal eterno no Paraíso. A menos que Alá esteja aplicando uma pegadinha divina, tipo: quando o mártir chegar no Céu ele diga: “A única restrição que imponho é que todas as 72 continuem virgens. Em todos os sentidos e possibilidades…”
Mas em se tratando das religiões cristãs, creio que vale meu argumento de que o sexo no Céu será proibido, visto que os representantes de Deus quase que querem proibi-lo já aqui na Terra. Assim eu suponho que o corpo físico que viverá a Vida Eterna não terá mais essa necessidade humana, e estendo o raciocínio para concluir que também não terá uma série de outras necessidades, porque seria muito esquisito imaginar uma CEASA ou um sistema de esgoto no Paraíso. Então, já que as pessoas não terão essas necessidades físicas, qual a finalidade de viver eternamente com esse corpo físico? Por que carregar uma carcaça material se você não vai poder usá-la?
O quê? A minha leitora religiosa pensou em “perfeição”? Seria o máximo de perfeição viver para sempre com um corpo físico que nunca morreria, nem sentiria dor, nem nenhuma necessidade física? Será que ela estaria esquecendo dos bebezinhos engatinhando no Paraíso, sem a menor noção de onde estão nem do que está acontecendo, precisando eternamente de alguém para cuidar deles e servindo apenas de enfeites, de bichinhos de estimação? Ou da nossa beata de 96 anos que estaria começando a ter saudade do corpinho que tinha quando jovem, que bem que poderia estar com ela, como aconteceria de estar com as ninfetinhas que ela veria por lá? Isso seria o seu modelo de perfeição? Para mim, seria um modelo de ‘nonsense’. Isso não faz o menor sentido.
Daí  alguém poderia argumentar que o raciocínio estava errado desde o começo: o Paraíso será habitado pelos espíritos apenas, não pelos corpos físicos das pessoas salvas. O Inferno sim, mas aí é porque os condenados precisariam sofrer as torturas eternas que o Todo-Bondoso Deus preparou para eles.
Nesse caso, então, teríamos que o Céu seria habitado apenas por espíritos, certo?… Certo???
Tá. Mas você, por acaso, não estaria esquecendo que os espíritos dos que forem salvos teriam que dividir, assim, o Paraíso com Jesus, Maria, sua mãe, e o profeta Elias, então os únicos com corpos de carne e osso como o meu e o seu? Jesus subiu ao Céu com seu corpo físico e Elias foi arrebatado, tudo segundo a Bíblia; Maria ascendeu ao Céu segundo o dogma católico. E faltou mencionar, claro!, o Espírito Santo que é, logicamente, espírito, e, por fim, Deus, que pode ser matéria e espírito, fazendo a ponte entre esses dois mundos, essas duas dimensões assim criadas: a dos corpóreos e a dos antimatéria. Nossa, que salada!
De um jeito ou de outro, a coisa toda ainda fica com cara de puro ‘nonsense’. E para quem ainda não entendeu, em bom português, ‘nonsense’ é uma estória sem pé nem cabeça!


Depois do Juízo Final, as pessoas ainda terão livre-arbítrio?
Foi por ter livre-arbítrio que Eva resolveu dar ouvidos a Satanás e não a Deus acerca de provar do fruto proibido. Foi por ter livre-arbítrio que Adão resolveu dar ouvidos a Eva e não a Deus sobre o mesmo assunto. Essa desobediência em série deixou Deus tão contrariado que os dois foram expulsos do Éden. Veja você: os primeiros seres humanos, recém-saídos do forno, com o barro ainda quentinho, já usaram a prerrogativa do livre-arbítrio para fazer bobagem, causando problemas a si próprios e deixando Deus estressado. Ele deve ter, já por essa época, visto isso como um mau presságio.
Foi se valendo do livre-arbítrio que os humanos que vieram depois de Adão e Eva cometeram e acumularam tantos pecados que Deus achou por bem recomeçar a humanidade praticamente do zero, e inundou toda a Terra com o dilúvio. Mas não adiantou nada. As pessoas continuaram a usar seu livre-arbítrio para cometerem mais e mais pecados a tal ponto que Deus — já percebendo que teria que continuar, talvez para sempre, com esse negócio de genocídio (o que não seria nada bom para a sua reputação) — acabou por bolar um plano maluco pelo qual, gerando um filho numa mortal para que fosse barbaramente torturado e morto depois que sua paternidade divina fosse revelada, todo mundo tivesse um tipo de salvo-conduto contra despejos e dilúvios até o dia do Juízo Final.
Mas e depois?
Porque, se você pensar direito, um ser humano com livre-arbítrio no Paraíso não seria em nada diferente de um ser humano (ou dois) com livre-arbítrio no Jardim do Éden. Essa concessão divina não deu certo lá, não deu certo na Terra e nada garante que vá dar certo no Paraíso. Será que Deus insistiria em deixar sua obra-prima com esse privilégio e correria o risco de, depois, precisar inundar o Céu, ou fazer um “Juízo Final 2 — A Missão” ?
Então ficamos com isso: ou os habitantes do Paraíso terão ainda a prerrogativa do livre-arbítrio ou não terão.
Se não tiverem, você terá que concordar comigo que o Céu não é lugar para seres humanos; no máximo, versões robotizadas daquilo que nos acostumamos a chamar de pessoas. Se você se considera um dos que serão salvos, o que quer que chegue de você lá para lhe representar como membro da Eternidade, seja o que for essa nova criatura, meu amigo, minha amiga, ela não será você.
Se sim, se todos os salvos que habitarão o Céu puderem decidir o que fazer e o que não fazer, você vai precisar mudar a sua ideia do que seja Paraíso porque, muito provavelmente, será um lugar propenso a conflitos, intrigas, delitos, dissidências e tudo o mais com que estamos acostumados por aqui. E não adianta querer me lembrar que Deus estará no comando porque serei obrigado a lembrá-lo de que ele também estava no comando no Jardim do Éden…
E olha que lá eram só dois para ele tomar conta.


Supõe-se que Deus seja onisciente. Sendo assim, eu posso afirmar que, um segundo antes de ter estalado seus dedos para dar início à Criação, Deus já sabia que tudo daria errado. Ou seja, que Adão e Eva o desobedeceriam no Éden; que toda a raça humana teria a mácula do pecado original; que teria que afogar quase todos os seres vivos da Terra; que precisaria enviar Jesus Cristo para nos absolver do pecado; que haveria um Juízo Final e que uma grande parcela dos seres que ele estava prestes a criar iria sofrer torturas eternas no Inferno. E mesmo assim ele continuou. Estalou seus dedos divinos e deu início ao processo.
Se eu soubesse que algo que fosse fazer não iria dar certo e o fizesse assim mesmo, aposto que você poria a culpa em mim pela minha obra mal feita, não na obra em si. Por que ninguém aplica o mesmo princípio a Deus? Ora, porque ele nos deu livre-arbítrio. A culpa não é dele pela coisa toda ter desandado.
Discordo desse raciocínio. Ele sabia que sua obra iria incluir um Juízo Final e que pessoas iriam para o Inferno; e se iriam para o Inferno por causa do livre-arbítrio ou o que quer que fosse, ele também saberia o motivo. O fato é que ele não se importou com isso. Criou tudo assim mesmo.
Já  me lançaram o contra-argumento de que se eu for para o Inferno será  porque eu “quero”, pois, para ser salvo, bastaria “aceitar Jesus Cristo”. Simples assim. Mas não é essa a essência da minha proposição inicial. O que estou querendo que você entenda é que, independente de A ou B aceitar ou não Jesus e, devido à sua decisão, ir para o Céu ou para o Inferno, consumado o Juízo Final, pessoas serão salvas e pessoas irão para o Inferno. Meu argumento é o de que Deus sabia disso e não viu nenhum problema.
Como se ele tivesse pensado:
É… no fim das contas, só as Testemunhas de Jeová habitarão comigo o Paraíso pós-Juízo Final. Tudo o mais vai ter que ir pro incinerador… Mas que se dane! Lá vai.
– Pluft!
Então eu só poderia concluir que Deus estava interessado apenas na parcela de sua obra que seria salva. Ele criava uma coisa que sabia que iria se estragar em parte, mas dava-se por satisfeito com a parte que poderia aproveitar. E Deus moraria com eles no Paraíso pela Eternidade. Gente escolhida a dedo, que o amou, que dispôs do livre-arbítrio para seguir seus mandamentos. Ou seja, gente de confiança. Enfim, companhia.
Gênesis, capítulo 1, versículo 0:
“Deus, de saco cheio de sua completude, da vacuidade do Nada e de não ter o que fazer nem com quem conversar, resolveu acabar com sua solidão.”

Imagine que tudo já foi consumado e você foi salvo. Meus parabéns! Bem-vindo à Vida Eterna.
Mas e agora? O que você acha que fará no Paraíso?
Se você me disser que vai passar toda a Eternidade com a bunda numa nuvem tocando harpa para Deus, eu lhe asseguro que, talvez muito antes de passar o primeiro bilhão de anos, você irá se pegar pensando algo como: “O que será que as pessoas estão fazendo no Inferno…?”
Se os religiosos supõem que os que forem salvos estarão vivos na Eternidade, é de se esperar que eles “façam” alguma coisa lá para que possam receber o adjetivo de “vivos”. E se eles ainda conservarem seus cérebros humanos, mesmo que numa versão atualizada do software, devo supor que essa alguma coisa deva ser “prazerosa”. Então, o que essas pessoas terão para fazer durante toda a Eternidade? para ocuparem suas mentes, suas vidas? num lugar onde tudo será perfeito, sem necessidades, sem desafios, sem preocupações, sem problemas?
Eu não sei. E você, religioso ou não, também não sabe, como também não sabiam nenhum dos autores do livro sagrado dos cristãos. Por isso que tavez você só encontre na Bíblia referências ao Paraíso e à Vida Eterna na mesma configuração que o Chapeleiro Louco apresentou sua condição à Alice, ou do modo como uma leitora comentou um texto meu publicado na semana passada em que dizia que com os salvos seria assim, e com os condenados seria assado (eita! meu primeiro trocadilho): algo estático, que só faz o mínimo de sentido enquanto ninguém resolver pensar a respeito.
Paulo, em II Coríntios, começou de forma bastante interessante o capítulo 12 prometendo que iria passar a discorrer sobre “visões” e sobre “revelações” do Senhor acerca de um homem (supõe-se que estivesse falando dele mesmo) que fora arrebatado ao Paraíso, mas, talvez tendo esbarrado naquelas mesmas perguntas e concluído que não conseguiria inventar nenhuma resposta satisfatória que não estragasse seus textos, esperou apenas 3 versículos para dizer que não era lícito contar tais coisas ao homem (12:1-4). E a história seguiu por outro caminho. Alguém aí lembrou-se de Alice de novo?
Mas é fácil entender por que não podemos lidar com a Eternidade. Nossos cérebros, pelo pouco que o conhecemos hoje, evoluíram para “funcionar” em função do tempo. Praticamente tudo o que fazemos tem uma data para começar e uma expectativa de fim. Mesmo que não demos conta disso, o nosso cérebro trabalha com um “relógio interno”, igualzinho aos computadores, e todos têm a mesma frequência, já que a expectativa de vida humana, na melhor das hipóteses, gira em torno de um século. As nossas ações são cronometradas por esse “clock”.
Se eu estou estudando russo uma hora por dia durante cinco dias por semana, meu cérebro projeta uma estimativa de que eu atinja um nível intermediário no domínio desse idioma para daqui a, digamos, três anos, com uma possível data para terminar meu curso para daqui a, espero, seis anos. Caso eu quisesse antecipar minha viagem à Rússia em pouco mais de uma década, precisaria estar falando russo dentro de quatro anos, o que me obrigaria a aumentar meu ritmo de estudo. Isso tudo porque sei que tenho menos de um século de vida. Mas se eu disser para o meu cérebro que eu disponho de toda a Eternidade para aprender, ele não vai saber o que fazer: estudar russo uma hora por dia, ou uma hora a cada trilhão de anos, ou a cada sextilhão de séculos? Na Eternidade, não vai fazer diferença. Mas meu cérebro precisaria de uma resposta antes de começar a tarefa porque é assim que ele trabalha. E como eu não teria, acho que ele iria “travar” exatamente como os computadores travam.
Então, ficamos com isso: não dá para racionalizar o que as pessoas terão para fazer e ocuparem suas “vidas” na Eternidade porque os nossos cérebros não estão “configurados” para trabalhar (mesmo hipoteticamente) com a noção de tempo infinito. E se a gente forçar muito ele vai travar. Já se você disser que a Vida Eterna será uma vida completa em si mesma, perfeita, repleta de glória e exaltação ao Senhor, será o mesmo que não dizer nada; uma tentativa tola e infantil de querer aparentar saber a resposta quando, na verdade, se é tão ignorante quanto qualquer um sobre o assunto. Acho que essa é a maneira que os religiosos encontraram de pular todo o processo de racionalização — que, como vimos, não adiantou nada mesmo nesse caso — para poderem ir, sem demora, para a parte do “Se você não aceitar Jesus, irá para o Inferno”.
Isso só me faz pensar que os escritores sagrados, embora não tendo conseguido responder aquela mesma pergunta sobre o que as pessoas vão ter para fazer na Vida Eterna, pelo menos, encontraram uma maneira bem eficaz de fazer seus leitores acreditarem nela assim mesmo: a coação.
Assim sendo, você pode, como eu, ignorar essa ameaça (também sem fundamento) e entender a Vida Eterna do mesmo modo como você entende o País das Maravilhas de Alice. A outra opção seria acreditar nela porque um livro muito antigo, escrito por várias pessoas que viveram numa época de superstição e ignorância muito maior do que as da nossa, diz que ela existe. Mas você teria que acreditar cegamente nisso, ou seja, sem racionalizar.
Ou isso, ou Ctrl Alt Del.

Na Eternidade, as pessoas lembrarão da sua vida passada? Lembrarão quem foram? Lembrarão da Terra?
Eu digo a você, com toda a sinceridade, que se eu fosse salvo, por melhor que se me apresentasse o Paraíso e por pior que a vida neste planeta, às vezes, pareça ser, eu levaria boas lembranças daqui. Muitas coisas eu faria questão de lembrar, e teria saudade de outras tantas. E acho que o mesmo se aplicaria a você.
Mas será que isso seria assim? Será que seria “permitido”? Será que as pessoas no Paraíso teriam, pelo menos, a memória da vida terrena preservada? Será que poderiam ter saudade de certas coisas, de lembranças boas, de amores adolescentes, de aventuras, de lugares?
Eu também não sei responder essa; nem você sabe, nem o papa, nem ninguém.
Mas ora!, até aqui, nós só podemos dizer que esse processo de racionalização só nos deixou com mais dúvidas — em número e qualidade — do que as que tínhamos inicialmente sem fazer nenhuma pergunta. Só dá para concluirmos que sabemos agora muito menos do que antes, o que não ajuda em nada nem nos leva a lugar algum, certo?
Errado.
Houve um tempo em que as pessoas acreditavam que a Terra era plana — porque parece ser plana — e que era o centro do universo com o Sol e a Lua girando ao redor e as estrelas coladas num teto celestial — porque é assim que parece. Quando o ser humano, por seu próprio esforço e competência, vislumbrou o que estava além das aparências, deparou-se com uma infinidade de outras perguntas.
Uma Terra redonda, infinitesimal, vagando num espaço repleto de outros mundos, outras luas, outros sóis, com uma infinidade de galáxias, acenava com a desconcertante conclusão de que a fração microscópica de conhecimento que ele havia tão trabalhosamente adquirido só serviu para aumentar, na razão inversa, a sua própria noção de quanto era ignorante.
Mas todas essas novas dúvidas trouxeram de bônus uma assombrosa certeza que nenhum cientista, nenhum sábio, nenhum filósofo, nem eu, nem você, nem ninguém jamais deveria pensar em recusar:
Eu sou ignorante acerca de um Universo muito, mas muito maior do que eu imaginava!

“Qual a coisa mais importante da vida? Uma pessoa com fome diria: ‘o alimento’. Uma pessoa com frio diria: ‘o calor’. Com todas as suas necessidades atendidas, o ser humano precisa de algo mais. Os filósofos dizem que precisamos saber quem somos e a razão da nossa existência.” (do livro O Mundo de Sofia)
Mas existe entre nós uma grande parcela de seres humanos que não precisam mais perder tempo com essas filosofias… Eles já têm as respostas. Todas elas. E mesmo se — ou quando — a resposta não parece, efetivamente, uma resposta, ele continuará crendo que ela está ali, no seu livro sagrado, escrito pelo ser supremo que criou tudo: ele pensará que apenas não consegue endentê-la ou identificá-la.
O crente crê. No meu Houaiss (uáis) mastodôntico, a única acepção desse verbo em que ele é plenamente intransitivo está sob a rubrica Religião, com o significado de “ter fé”. Essa intransitividade exclusiva confirma para o crente o que lhe ensinam desde o berço: crer, apenas, basta. Nem mesmo a gramática exige um complemento. Por que, então, pedir explicações?
O crente crê na Vida Eterna. E o verbo transitivo, além do objeto indireto, pede indiretamente uma quantidade infinita de fé. Mas isso ele tem, porque ele quer o Paraíso, embora não entenda nem possa entender o que seja isso. Ele não sabe se haverá, realmente, uma Vida Eterna; por isso ele crê. Crer significa ter fé, e fé significa ser ignorante sobre algo, porque se você não fosse ignorante, se você soubesse, não precisaria acreditar.
Eu poderia escrever que a ignorância é a fonte de todas as perguntas, mas as religiões ensinam que o bom crente é o que acredita sem questionar, e que, quanto mais absurdo for aquilo em que você acredita sem fazer perguntas, mais merecedor da Vida Eterna você será. Um engodo que, segundo Richard Dawkins, é um dos mais devastadores efeitos da religião para o cérebro humano: “ensinar que é uma virtude ficar satisfeito em não entender”.
O crente não entende nem o Paraíso nem a Eternidade, mas quer passar a Eternidade no Paraíso. Ele não sabe se terá livre-arbítrio no Céu, nem se terá necessidades, vontades, desejos; não sabe como será viver lá, o que vai fazer, se será realmente uma “vida”; ele não sabe se será ele mesmo que vai estar lá, se terá memória da vida que passou na Terra, ou se vai precisar passar por uma lavagem cerebral; não sabe se vai viver com seu corpo físico ou apenas em espírio. Nesse caso específico, o livro sagrado fala em corpo glorificado, o que dá no mesmo para mim: não responde nada.
Mas eu sou ateu. Existe um ticket de entrada para o Inferno com meu nome impresso em maiúsculas. Deus sabia disso já um segundo antes de estalar seus dedos mágicos. Ele não deve ter se importado, depois, em escrever nada nesse livro para me responder o que quer que fosse.
Se Deus existe e eu for parar no Inferno, é porque eu sou parte da sua obra que não deu certo. Uma prova viva e incômoda da sua imperfeição e incompetência divinas. Alguém que se atrevesse a dizer tal coisa; alguém que se prestasse a racionalizar algo que deveria ser aceito sem questionamentos e acabasse por concluir que Deus estava mesmo só cansado da solidão; alguém que desconfiasse que Deus, sabendo-se Todo-Poderoso, resolveu criar uma raça terrena de semi-iguais apenas para ter para quem se exibir não mereceria mesmo nenhuma consideração ou idulto.
Fico muito lisonjeado em pensar que, antes do primeiro dia da Criação, antes de detonar o Big Bang, Deus tenha pensado em mim, mesmo que tivesse sido algo como:
Barros, não considero você uma boa companhia nem para um fim de semana, quanto mais para a Eternidade… Você vai para o Inferno.
– Senhor Deus, isso é “queima de arquivo”. Uma atitude típica de um criminoso, ou, ao que parece, de um Deus mesquinho, exibido e incompetente.


Felizmente, para mim, a ameaça divina que paira sobre a minha cabeça me causa tanto terror quanto a ideia de ser mordido por um vampiro. A Eternidade, no Inferno ou no Paraíso, é, assim como Deus, uma invenção humana e só sobrevive por causa da fé, da vontade de querer acreditar.
As pessoas de fé acham que entendem tudo sobre Deus e sobre a Eternidade, mas somente enquanto não fazem (ou enquanto ninguém faz) perguntas a respeito. Porque, então, tudo se apresentaria como um grande absurdo. E quando surgem respostas, ou não respondem nada, ou tornam apenas o absurdo ainda mais evidente.
Para manterem sua fé, as pessoas religiosas precisam, a todo custo, evitar tais ponderações. Por isso a conveniência de acreditar cegamente, e essa cegueira as impede de admitir que o seu Deus, o Paraíso, a Eternidade, anjos, demônios, milagres e tudo o mais, só existem nas páginas de um livro antigo. Mas é graças a essa cegueira intelectual que elas podem continuar acreditando e, em fazendo isso, continuar a manter Deus vivo em suas mentes e em suas vidas, e, com ele, a esperança de viver para sempre num mundo encantado, num País das Maravilhas, numa outra dimensão, repleta de tudo que se possa imaginar de bom e com infinitas possibilidades, desde poderem pisar num chão de nuvem até a chance de terem um leão no jardim para brincar com as crianças.
A alternativa que elas têm ao sonho encantado da Eternidade seria se render à possibilidade sem graça de que um dia, simplesmente, vão deixar de existir.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Por que o DEUS cristão é impossível !!!

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Por que o Deus cristão é impossível

Autor: Chad Docterman
Tradução: André Díspore Cancian
[Ortografia original. Fonte: ateus.net]
Introdução
Os cristãos consideram que a existência de seu Deus é uma verdade óbvia. Esta assunção é falsa, não apenas porque falta qualquer evidência para a existência deste Deus – que, apesar de onipresente, é invisível –, mas porque a própria natureza que os cristãos atribuem a este Deus é autocontraditória.
Provando uma negativa universal
Muitos cristãos, assim como muitos ateus, alegam que é impossível provar uma negativa universal. Por exemplo, apesar de não haver evidências de que unicórnios ou dragões existem, não podemos provar sua inexistência. A não ser que tenhamos um conhecimento completo do Universo, precisamos a admitir a possibilidade de que, em algum lugar do Universo, talvez existam tais seres.
Mas a alegação de que a onisciência é necessária para provar uma negativa universal presume que o conceito que estamos discutindo é logicamente coerente. Se os atributos que conferimos a um objeto ou ser hipotéticos são autocontraditórios, então podemos concluir que este não pode existir e, portanto, não existe.
Não é necessário todo o conhecimento do universo para provar que esferas cúbicas não existem. Tais objetos têm atributos mutuamente exclusivos que tornam sua existência impossível. Um cubo, por definição, tem oito vértices, enquanto a esfera não tem nenhum. Tais propriedades são completamente incompatíveis – não podem estar contidas simultaneamente no mesmo objeto.  Pretendo demonstrar que as supostas propriedades do Deus cristão Iavé, assim como as de uma esfera cúbica, são incompatíveis, e, ao fazê-lo, demonstrar que a existência de Iavé é impossível.
Definindo Iavé
Os cristãos dotaram seu Deus de todos os seguintes atributos: ele é eterno, todo-poderoso e criou todas as coisas; criou todas as leis da natureza e pode mudar qualquer coisa por meio de um ato de sua vontade; é todo-bondade, todo-amor e perfeitamente justo; é um Deus pessoal que experimenta todas as emoções de um ser humano; é todo-sabedoria; vê todo o passado e todo o futuro.
A criação de Deus era originalmente perfeita, mas, os humanos, ao desobedecê-lo, trouxeram a imperfeição ao mundo. Humanos são maus e pecadores, e precisam sofrer neste mundo devido à sua pecaminosidade. Deus dá aos humanos a oportunidade de aceitar o perdão de seu pecado, e todos que o fizerem serão recompensados com a bem-aventurança no céu, mas, enquanto estiverem na Terra, devem sofrer por sua causa. Todos os humanos que decidirem não aceitar este perdão serão enviados ao inferno para sofrer o tormento eterno.
Tais atributos de Deus são relatados pela Bíblia, que os cristãos acreditam ser a palavra perfeita e verdadeira de Deus. Um verso que muitos cristãos gostam de citar diz que ateus são tolos (Cf. Salmos 14:1). Pretendo demonstrar que os conceitos divinos mencionados acima são completamente incompatíveis, e revelar a impossibilidade de todos eles co-existirem simultaneamente no mesmo ser. Não há qualquer tolice em negar o impossível; tolice é adorar um Deus impossível.
A perfeição busca ainda mais perfeição
O que Deus fez durante aquela eternidade anterior à criação de todas as coisas? Se Deus era tudo que existia naquele tempo, o que perturbou o equilíbrio eterno e o induziu à criação? Estava entediado? Etava solitário? Deus supostamente é perfeito. Se algo é perfeito, este algo é completo – não precisa de qualquer outra coisa. Nós, humanos, nos engajamos em atividades porque estamos buscando uma perfeição elusiva, pois há um desequilíbrio causado pela diferença entre o que somos e o que queremos ser. Se Deus é perfeito, então não pode haver desequilíbrio. Não há qualquer coisa de que ele necessite, qualquer coisa que deseje ou qualquer coisa que deva ou irá fazer. Um Deus que é perfeito não faz qualquer coisa senão existir. Um criador perfeito é impossível.
A perfeição gera imperfeição
Entretanto, por mero exercício intelectual, continuemos. Suponhamos que este Deus perfeito tenha realmente criado o Universo. Os humanos foram a coroa de sua criação, visto que foram criados à sua imagem e têm a habilidade da tomar decisões. Entretanto, esses humanos destruíram a perfeição original escolhendo desobedecer a Deus.  Como!? Se algo é perfeito, nada imperfeito pode vir dele. Uma vez alguém disse que um mau fruto não pode vir de uma boa árvore; entretanto, este Deus “perfeito” criou um Universo “perfeito” que foi tornado imperfeito pelos humanos “perfeitos”.  A fonte última da imperfeição é Deus. O que é perfeito não pode fazer-se imperfeito, assim, os humanos devem ter sido criados imperfeitos. Tudo que é perfeito não pode criar coisas imperfeitas, então Deus deve ser imperfeito para ter criado seres humanos imperfeitos. Um Deus perfeito que cria seres humanos imperfeitos é impossível.
O argumento do livre-arbítrio
A objeção dos cristãos a este argumento envolve o livre-arbítrio. Eles dizem que um ser precisa possuir livre-arbítrio para ser feliz. O Deus todo-bondade não queria criar robôs, então deu aos humanos o livre-arbítrio para possibilitar a eles experimentar o amor e a felicidade. Mas os humanos usaram este livre-arbítrio para escolher o mal, e introduziram a imperfeição ao Universo originalmente perfeito de Deus. Deus não tinha controle sobre esta decisão, assim a culpa por nosso Universo imperfeito é dos humanos, não de Deus.
Há vários motivos pelos quais este argumento é fraco. Em primeiro lugar, se Deus é onipotente, então a assunção de que o livre-arbítrio é necessário para a felicidade é falsa. Se Deus pôde fazer a regra de que apenas seres com livre-arbítrio poderiam experimentar a felicidade, então poderia, tão facilmente quanto, ter feito a regra de que apenas robôs poderiam experimentar a felicidade. A última opção é claramente superior, visto que robôs perfeitos nunca poderiam tomar decisões que tornassem eles ou seu criador infelizes, enquanto seres com livre-arbítrio poderiam. Um Deus perfeito e onipotente que cria seres capazes de arruinar sua própria felicidade é impossível.
Em segundo lugar, mesmo se admitirmos a necessidade do livre-arbítrio para a felicidade, Deus poderia ter criado humanos com livre-arbítrio que não tivessem a habilidade de escolher o mal, mas apenas entre várias opções boas.
Em terceiro lugar, Deus supostamente possui livre-arbítrio, e mesmo assim ele não toma decisões imperfeitas. Se humanos são imagens miniaturizadas de Deus, nossas decisões deveriam ser similarmente perfeitas. Ademais, os ocupantes do céu, que presumivelmente precisam possuir livre-arbítrio para serem felizes, nunca usarão este livre-arbítrio para tomar decisões imperfeitas. Por que os humanos originalmente perfeitos fariam diferente?
O problema continua: a presença de imperfeição no Universo refuta a suposta perfeição de seu criador.
O Deus todo-bondade cria sofrimento futuro premeditado
Deus é onisciente. Quando criou o Universo, viu os sofrimentos que humanos suportariam como resultado do pecado daqueles humanos originais. Ele ouviu os gritos dos condenados. Certamente ele sabia que seria melhor para esses seres humanos que nunca tivessem nascido – e a Bíblia, de fato, diz exatamente isso –, e certamente esta divindade toda-compaixão teria antevisto a criação de um Universo destinado à perfeição no qual muitos dos humanos estavam condenados ao sofrimento eterno. Um Deus perfeitamente compassivo que deliberadamente cria seres condenados ao sofrimento é impossível.
Punição infinita por pecados finitos
Deus é perfeitamente justo, e ainda assim sentencia os imperfeitos humanos que criou ao sofrimento infinito no inferno por pecados finitos. Claramente, uma ofensa limitada não justifica uma punição ilimitada. A sentenciação divina dos seres humanos imperfeitos a uma eternidade no inferno por um pecado com a duração de uma mera vida mortal é infinitamente injusta. O caráter absurdo desta punição infinita mostra-se ainda maior quando consideramos que a fonte última da imperfeição humana é o Deus que os criou. Um Deus perfeitamente justo que sentencia sua criação imperfeita à punição infinita por pecados finitos é impossível.
Crença mais importante que ação
Consideremos todas as pessoas que vivem em regiões remotas do mundo e que jamais ouviram o “evangelho” de Jesus Cristo. Consideremos as pessoas que aderiram naturalmente à religião de seus pais e nação – como foram ensinados a fazer desde seu nascimento. Se acreditarmos no que os cristãos dizem, todas essas pessoas irão perecer no fogo eterno por não acreditarem em Jesus. Não importa quão justos, bondosos e generosos eles foram com seus semelhantes durante sua vida: se não aceitarem o evangelho de Jesus, estão condenados. Nenhum Deus justo jamais julgaria um homem por suas crenças em vez de suas ações.
Revelação imperfeita da perfeição
A Bíblia supostamente é a palavra perfeita de Deus. Ela contém instruções para que a humanidade evite as eternas chamas do inferno. Quão maravilhoso e bondoso da parte deste Deus é proporcionar a nós meios de superar os problemas pelos quais ele, em última instância, é responsável! O Deus todo-poderoso poderia, por um simples ato de sua vontade, eliminar todos os problemas que nós, humanos, precisamos enfrentar; mas, em vez disso, com sua sabedoria infinita, ele optou por oferecer este indecifrável amálgama de livros denominado Bíblia como meio para evitaremos o inferno que ele preparou para nós. O Deus perfeito decidiu revelar sua vontade através desta obra imperfeita, escrita na linguagem imperfeita dos humanos imperfeitos, traduzida, copiada, interpretada e narrada por homens imperfeitos. Dois homens nunca irão concordar sobre o que a palavra de Deus realmente significa, visto que grande parte dela é autocontraditória ou obscurecida por enigmas. E ainda assim o Deus perfeito espera que nós, imperfeitos humanos, entendamos este enigma paradoxal utilizando as mentes imperfeitas com as quais ele nos equipou. Certamente o Deus todo-sabedoria e todo-poderoso sabia que teria sido melhor revelar sua vontade perfeita diretamente a cada um de nós em vez de permitir ela fosse distorcida e pervertida pela imperfeita linguagem e pelas ruinosas interpretações do homem.
Justiça contraditória
Não se precisa olhar em qualquer lugar senão própria na Bíblia para descobrir suas imperfeições, pois ela se contradiz, e assim expõe sua própria imperfeição. Ela se contradiz em questões de justiça, pois o mesmo Deus que assegura seu povo de que os filhos não serão punidos pelos pecados de seus pais acaba por destruir uma família inteira pelo pecado de um homem (ele havia roubado um pouco do saqueio de guerra de Iavé). Foi o mesmo Iavé que afligiu milhares de inocentes com praga e morte para punir o maldoso rei Davi por tomar um censo. Foi o mesmo Iavé que permitiu que humanos matassem seu filho porque o perfeito Iavé tinha fracassado em sua própria criação. Consideremos quantos foram apedrejados, queimados, assassinados, estuprados e escravizados devido ao distorcido senso de justiça de Iavé. O sangue de bebês inocentes está nas mãos perfeitas, justas e compassivas de Iavé.
História contraditória
A Bíblia contradiz-se em questões históricas. Uma pessoa que lê e compara os conteúdos da Bíblia ficará confuso sobre quem eram exatamente as esposas de Esaú, se Timná era uma concubina ou um filho e se a linhagem terrena de Jesus vem de Salomão ou de seu irmão Natã. Há centenas de contradições históricas documentadas. Se a Bíblia não pode confirmar a si própria em questões mundanas, como poderemos confiá-la em questões morais e espirituais?
Profecias falhadas
A Bíblia interpreta mal suas próprias profecias. Compare-se Isaías 7 com Mateus 1 para se encontrar apenas uma das muitas profecias mal interpretadas das quais os cristãos são passivamente ou deliberadamente ignorantes. O sinal dado por Isaías ao rei Ahaz visava assegurá-lo de que seus inimigos, Rei Rezim e Rei Remalia, seriam derrotados. Essa profecia foi cumprida exatamente no capítulo seguinte. Ainda assim, Mateus 1 não apenas interpreta erradamente a palavra “donzela” como “virgem”, mas também alega que esta profecia já cumprida na realidade cumpriu-se com o nascimento virginal de Jesus!
O cumprimento de profecias na Bíblia é citado como prova de sua inspiração divina, entretanto, aqui está um bom exemplo de uma profecia cujo significado original foi e continua sendo distorcido para sustentar doutrinas absurdas e falsas. Não há limites para o que um indivíduo crédulo fará para sustentar suas crenças febris quando confrontado com evidências contundentes.
A Bíblia é imperfeita. Apenas uma imperfeição é necessária para destruir a suposta perfeição da palavra de Deus. Muitas foram encontradas. Um Deus perfeito que revela sua vontade perfeita através de um livro imperfeito é impossível.
O onisciente altera o futuro
Um Deus que conhece o futuro é impotente para mudá-lo. Um Deus onisciente que é todo-poderoso e dotado de livre-arbítrio é impossível.
O onisciente é surpreendido
Um Deus que sabe tudo não pode ter emoções. A Bíblia diz que Deus experimenta todas as emoções humanas, incluindo ódio, tristeza e felicidade. Nós, humanos, experimentamos emoções como resultado de um novo conhecimento. Um homem que desconhece a infidelidade de sua esposa irá experimentar as emoções de ódio e tristeza apenas após descobrir o que anteriormente, para ele, estava oculto. Em contraste, o Deus onisciente não é ignorante em relação a qualquer coisa. Nada é oculto para ele, nada novo pode lhe ser revelado – assim não há como adquirir um conhecimento ao qual possa reagir emocionalmente.
Nós, humanos, experimentamos ódio e frustração quando algo está errado e somos impotentes para consertá-lo. O Deus perfeito e onipotente pode, entretanto, consertar qualquer coisa. Humanos sentem desejo daquilo que lhes falta. Para o Deus perfeito nada falta. Um Deus onisciente, onipotente e perfeito que experimenta emoções é impossível.
Conclusão
Ofereci argumentos para a impossibilidade – e, portanto, para a inexistência – do Deus cristão Iavé. Nenhum indivíduo racional e livre-pensador pode aceitar a existência de um ser cuja natureza é tão contraditória quanto a de Iavé, o “perfeito” criador de nosso imperfeito Universo. A existência de Iavé é tão impossível quanto a existência de esferas cúbicas ou unicórnios róseos invisíveis. Apesar de que crentes podem encontrar conforto em serem fiéis a impossibilidades, não há maior satisfação que a de possuir uma mente lúcida. Eles podem escolher servir um Deus impossível. Eu escolho a realidade.
Direto do deusilusao.com

Diga-me como você agrada a DEUS...

…e eu lhe direi o tipo de idiota que você é !

RITUAL RELIGIOSO XIITA
ATENÇÃO: CONTEÚDO EXTREMAMENTE CHOCANTE
CLIQUE NA IMAGEM E VOCÊ SERÁ DIRECIONADO PARA A PÁGINA ONDE O VÍDEO ESTÁ HOSPEDADO. LÁ, VAI RECEBER UM NOVO AVISO DE CONTEÚDO IMPRÓPRIO, EM INGLÊS, E A OPÇÃO DE “CONTINUAR”.
NÃO RECOMENDADO PARA TODAS AS IDADES. 
idiota

 Direto do deusilusao.com

O sacrificio



Minha irmã me mandou esse vídeo por e-mail. Ela é religiosa — católica, como eu era — e, como toda pessoa religiosa, precisa raciocinar de uma forma desonesta para manter sua fé.
Sendo ateu, não foi difícil perceber a desonestidade por trás da mensagem que o vídeo pretende transmitir. O crente, ao contrário, só consegue enxergar a perfeição com que o filme aborda o amor de Deus pela humanidade.
Esse vídeo, que parece cumprir o papel de uma propaganda ou autoexaltação da fé cristã, é entendido pela mente do religioso como um tipo de “briefing”. Acho que eles devem perguntar a alguém a quem mostram o filme pela primeira vez: “Entendeu agora?”.
Eu entendi sim: o crente é, antes de tudo, uma pessoa intelectualmente desonesta consigo mesma.
A situação exibida no filme pretende ser associada ao mito da salvação da humanidade pelo sacrifício de Cristo. O operador da ponte do trem seria Deus, e a criança que morre esmagada, Jesus. Mas o homem que tem que decidir entre salvar seu próprio filho ou salvar a vida de vários desconhecidos não está, nem de longe, na mesma situação do deus cristão. Não foi ele quem “armou” o acidente, quem “arquitetou” esse “plano” que envolveria, obrigatoriamente, a morte do seu filho para a salvação dos passageiros do trem.
Portanto o vídeo jamais poderia servir para o fim a que se destina, pois a comparação é completamente equivocada. Mas o crente recorre, como sempre, à sua desonestidade para enxergar o que não está lá, para ver as coisas como elas “precisam” ser vistas, para continuar mantendo de pé um universo encantado onde Deus existe. Sem essa desonestidade intelectual inconsciente, esse universo desmoronaria.
O mito da “Salvação”, pela história do trem (honestamente contada), teria que ser assim:
Deus gerou muitos filhos. Mas a grande maioria deles não o amava, nem lhe dava atenção, nem ligava para o que ele dizia… Um dia, Deus armou um plano para conquistar o amor dos filhos rebeldes: colocou todos eles num trem, menos o caçula, e lhes disse que eles iriam passear e se divertir muito, enquanto ele e o filhinho mais novo estariam trabalhando na ponte levadiça. Daí, quando o trem se aproximou, Deus empurrou o caçula no fosso e abaixou a ponte em cima dele. E tendo feito isso, passou a chantagear os que haviam sobrevivido no trem: “Como vocês podem não me amar depois de tamanha prova de amor que lhes dei? Afinal, sacrifiquei a vida do meu filho mais amado pela de vocês…”
Seria de se esperar que pessoas honestas, ao descobrirem que tal tragédia foi intencionalmente arquitetada, e justamente por aquele que está querendo posar de herói, ainda mais quando se supõe que ele poderia ter obtido os mesmos resultados por outros meios que não o sacrifício de um inocente, seria de se esperar que essas pessoas vissem nesse ato absurdo o dedo de um louco, ou de um assassino abominável.
Somente a desonestidade permite que o cristão veja esse personagem do seu livro sagrado como detentor de poder, sabedoria e amor infinitos; porque, honestamente, Deus teria que ser visto como um criminoso execrável.
Ou como uma divindade com sérios problemas mentais.

 Direto www.deusilusao.com

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Assassinato em Goiatuba-Go



No final da manhã de ontem, (21/05) um homem foi assassinado a tiros em Goiatuba. O Delegado de Polícia Civil, Dr. Gustavo Carlos falou com nosso redator - Leonardo Costa - e explicou que um desentendimento entre vítima e autor por causa da construção de um muro seria a motivação do crime. Já passava das 11h30, quando uma discussão entre os dois acabou em morte.

De acordo com o delegado, a vítima, Deusemir Estevão de Assis, foi alvejado por ao menos sete disparos de pistola calibre 380. O suspeito de ter efetuado os disparos foi identificado pela polícia, mas, seu nome ainda não foi oficializado para a imprensa. Ele conseguiu fugir e está sendo procurado pelas polícias Militar e Civil de Goiatuba. Mais detalhes a qualquer momento em nossa reportagem que segue em contato com as autoridades policiais em Goiatuba. (Foto: Internet)

Fonte:http://www.correiosulgoiano.com.br/index.php/goiatuba/item/212-noticia_80_80_80

quinta-feira, 25 de abril de 2013

BOSTON e TEORIA DE CONSPIRAÇÃO: Templários Craft Internacional.



terrorismo noticias Conspiração boston  Boston e Teorias de Conspiração: Templários Craft International

Imagens do atentado a bomba levam internautas a questionar a versão oficial: mercenários ligados à CIA teriam coordenado tudo.
terrorismo noticias Conspiração boston  Boston e Teorias de Conspiração: Templários Craft International
A evidência? Imagens! Vários homens com uniforme militar e mochilas volumosas, ignorados pelas autoridades como suspeitos. Vários deles usavam a mórbida insígnia de uma caveira da “Craft International”, uma companhia de segurança privada que entre os ideais por trás de seu símbolo cita as palavras do fuzileiro naval Ryan Jobs: “ao contrário do que sua mãe te ensinou, a violência resolve problemas”. A caveira símbolo tem uma mira em cruz, que ainda segundo a Craft, também referencia o símbolo templário. Os conspiracionistas deliram.
terrorismo noticias Conspiração boston  Boston e Teorias de Conspiração: Templários Craft International
Isso faz sentido? Se você pensar sobre o assunto e pesquisar apenas um pouco, descobrirá que não muito. Essa teoria de conspiração não faz muito sentido.
As imagens realmente evidenciam que havia vários homens uniformizados com símbolos da Craft próximos da linha de chegada antes, durante e depois das explosões. Não são apenas bonés do Justiceiro, pode-se ver que têm a bandeira dos EUA ao lado e o logotipo Craft na caveira. Mas se alguém fosse levar a cabo a conspiração de um atentado a bomba, será que realmente faria sentido ter os envolvidos usando uniformes com os símbolos da empresa por trás de tudo? Não faz sentido.
A Craft International é uma companhia de segurança privada, que além de fornecer serviços de proteção, também vende treinamento, tanto para militares quanto para civis. A empresa também vende bonés e uniformes, incluindo camisetas baby look. Os homens uniformizados indicados nas imagens poderiam ser pessoas quaisquer, qualquer um pode comprar e vestir essas roupas. É provável que sejam, sim, seguranças privados da Craft, ou que tenham sido ao menos treinados. Mas isso significa que estavam lá para coordenar o atentado a bomba? Não. Seguranças particulares podem ser vistos em todo lugar. Havia mais de 25.000 maratonistas participantes, e em torno de meio milhão de espectadores na maratona. Milhares de motivos e pessoas que poderiam ter contratado a Craft. Mesmo sem atentados a bomba.
Como tudo na Internet, informações valiosas podem ser garimpadas, mas muita desinformação também pode emergir. O Reddit divulgou um pedido público de desculpas porque apontou – com nome, sobrenome e muito mais — várias pessoas inocentes como “suspeitos”. Entre eles, um estudante desaparecido até hoje, cuja família angustiada por achá-lo acabou encontrando uma avalanche de mensagens de internautas já certos de que ele era o terrorista.
Na mesma série de imagens que acusa os homens com símbolos da Craft de estarem por trás das bombas, apontam esta imagem, em que atrás de Dzokhar Tzarnaev há um homem ainda com uma mochila! Após as explosões! Seria seu irmão Tamerlan… mas se ainda estava com a mochila, não poderia ter sido ele!
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Há uma versão em maior resolução desta imagem, onde pode-se ver que o suposto “Tamerlan” atrás de Dzokhar é um homem com traços orientais.
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Grandes planos de conspiração em que os envolvidos usam logotipos da empresa secretamente por trás de tudo, inocentes desaparecidos apontados como suspeitos e um suspeito que subitamente vira chinês. Ou japonês. Ou coreano. A investigação via Internet não é tão simples como nos filmes.
Na vida real, uma das vítimas, Jeff Bauman, que teve as duas pernas destroçadas por estar imediatamente próximo de uma das bombas, disse ter visto bem quem deixou a bomba. “Ele acordou, pediu por papel e caneta e escreveu ‘mochila, vi o cara, ele me viu bem nos olhos’”, contou o irmão de Jeff. O que não faz sentido é que há mesmo as teorias de conspiração que dizem que Bauman é na verdade um ator que já não tinha as duas pernas e foi atuar na cena da explosão, com sangue jogado no chão por outros figurantes.
Os conspiracionistas deliram. [dica do Caio Leite, obrigado!]

Direto do Sedentário.