domingo, 11 de outubro de 2009

O Melhor Vampiro do Cinema Atual

07 out 2009

por Adriano Martins em Cinefilia S/A às 12:29

Título: Deixa ela entrar

Título Original: Låt Den Rätte Komma In/ Let The Right One In

Diretor: Tomas Alfredson

Elenco: Kåre Hedebrant, Lina Leandersson, Per Ragnar, Henrik Dahl, Karin Bergquist, Peter Carlberg, Ika Nord.

Produção: Carl Molinder, John Nordling 


Roteiro: John Ajvide Lindqvist

Fotografia: Hoyte Van Hoytema

Duração: 114 min.

Ano: 2008

País: Suécia

Gênero: TerrorHá muito procurava ver um filme sobre vampiros que realmente me convencesse que o tema já não estava 100% batido, e olha que demorou! O longa-metragem “Deixa ela entrar”, produção sueca dirigida por Tomas Alfredson, funciona como uma espécie de luz no fim do túnel e enche de esperança os cinéfilos amantes do gênero.


É de se estranhar ou ao menos desconfiar de um filme que conta a história de um garoto de 12 anos, que se apaixona por Eli, uma menina vampira que por sinal é sua vizinha – Confesso que pensei: “Sessão da Tarde!”, mas não, eu estava completamente enganado.

O longa que já faturou diversos prêmios é baseado no livro homônimo de John Ajvide Lindqvist e narra a história de Oskar (Kåre Hedebrant), um frágil e solitário menino que vive apanhando dos colegas de escola, até conhecer Eli (Lina Leandersson), uma garota vampira que divide a mesma solidão que ele, formando um estranho e belo laço de afeto entre os dois.

Ambientado nos anos 80, a cara fria da periferia de Estocolmo ajudou muito a compor o marcante e simples visual do filme. Além da certeira fórmula Neve + Sangue, o longa enche a tela de estilos, do cabelo loiro do garoto Oskar ao pé descalço da vampirinha Eli na neve, tudo é pensado, e muito bem! O roteiro é bem dosado e se desenvolve tranquilamente, porém não faz o tipo que duvida da inteligência do espectador, pelo contrário, em algumas vezes nos convida a refletir, como em uma cena em que o “pai” de Eli tira a vida de um homem, deixando-o de cabeça para baixo para, poder retirar o sangue de seu pescoço, com a intenção de que sua filha se alimente. Vemos uma crueldade ser substituída pelo cuidado paterno, colocando o próprio espectador em jogo: Você faria isso pela sua “filha”? – Essa é uma das diversas perguntas que respondemos durante os 114 minutos do filme – E taí o truque desta produção, aceitamos as mais impensadas situações com naturalidade e ainda por cima, torcemos pelo vampiro que geralmente é o vilão da história.



Ah, antes que me esqueça: se você pretende passar medo e roer todas as suas unhas, escolha algo como “O Iluminado” do mestre Kubrick, por exemplo, pois o longa em questão não tem essa finalidade. “Deixa ela entrar” teve o cuidado de evitar os clichês que costumam vir no kit Terror/Suspense, pra lá de conhecidos por todos nós. Talvez esteja aí, na dosagem certa do roteiro, o ponto mais alto do filme. Nada é excessivo, sendo que, justamente o excesso é o pior problema dos filmes do gênero.

Explorando a simplicidade e humanizando a figura do Vampiro, apesar de todos os seus trejeitos sombrios, vemos ótimos personagens, interpretados por jovens e promissores atores mostrando como é fácil transformar um tema batido em uma boa produção, quando se tem um raro elemento chamado: Originalidade.

Obs: Vai rolar um remake Tio Sam do longa (novidade, né?), que começará a ser gravado em Novembro no Novo México. O estranho disso, é que o filme ganhou um novo e curioso título na versão USA, e se chamará: “Fish Head” (Cabeça de Peixe), vai entender!

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