Com o aproximar da Semana dos Seminários (9 a 16 de Novembro), D. Manuel Felício, bispo da Guarda, escreveu uma carta à diocese onde pede: “Temos de continuar a semear com generosidade para termos os padres necessários à nossa Igreja Diocesana”.
Os seminários esvaziam-se onde a liberdade e o secularismo avançam. O seminário da Guarda foi um alfobre de padres até meados da década de sessenta do século passado, hoje é um cemitério de recordações pias com fotos antigas de bandos tonsurados. Então albergava largas centenas de aspirantes ao sacerdócio, hoje é uma escola reduzida a 20 alunos que as hormonas e a vergonha compelem à desistência.
Os bispos pedem orações a favor das vocações mas o céu, farto de preces, há muito que deixou de ouvir apelos beatos e as angústias dos bispos. Deus é um mito cada vez mais desacreditado e os padres uma relíquia que a tradição mantém ocupados com baptizados e funerais.
A religião criada por Paulo de Tarso – o catolicismo –, facção do judaísmo, menos ferozmente monoteísta e menos fechada, tornou-se instrumento do Império Romano com Constantino. Este déspota sanguinário, que se proclamou o 13.º apóstolo, incumbiu Eusébio de Cesareia de criar um corpo homogéneo entre 27 versões dos evangelhos, na primeira metade do séc. IV. Tal literatura serviu de base à crença que Teodósio declarou religião do Estado em 380, interditando os cultos pagãos.
A repressão contra outros cultos atingiu o auge com Justiniano que aprovou a legislação cristã contra a heterodoxia. Os cristãos tornaram-se opressores e, em 529, foi interdita a liberdade de consciência.
É a manutenção dessa intolerância que está hoje confiada aos padres, intolerância que as outras religiões monoteístas cultivam com acrescida crueldade, em especial o Islão, que continua imune à laicidade, tendo passado ao lado da cultura grega e do direito romano.
É auspicioso que os homens, já que as mulheres estão afastadas do poder nas religiões patriarcais, em vez de se sentirem felizes nos seus vestidinhos de seda e rendas, optem por viver de pé e recusem passar a vida de joelhos. Assim, os padres católicos são uma espécie em vias de extinção. Neste caso não há que defender a biodiversidade.
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